Reykjavik vai acolher este sábado a entrega dos Prémios do Cinema Europeu. Entre os nomeados destaca-se uma diversificada visão do mundo trazida à luz por filmes como “Saint-Omer”, da realizadora francesa e filha de pais senegaleses Alice Diop, ou “Holy Spider”, do realizador dinamarquês de origem iraniana Ali Abassi.
Aclamado pela Academia Europeia de Cinema, Holy Spider recebeu quatro nomeações: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento e Melhor Atriz, este último ganho por Zar Amir Ebrahimi, forçada a fugir do próprio país, o Irão, há 15 anos.
“Penso que a vantagem de um filme como este, quando se filma fora do Irão, é podermos desenvolvê-lo em camadas mais profundas, enquanto no Irão, devido à censura, nunca se pode realmente desenvolver uma história como esta. Na minha opinião, a sociedade iraniana vai mudar graças às mulheres, e é por isso que o governo, os homens têm tanto medo das mulheres”, defende a atriz.
Um filme coproduzido pela Alemanha, a Suécia, a Dinamarca e França, onde fica patente a vocação europeia para contar histórias que quebram fronteiras, logo à partida para o próprio realizador, Ali Abbasi.
À Euronews, o cineasta revelou não crer que “este filme seja mais ou menos iraniano por eu viver na Dinamarca, ou outro ator vive em França, e outro vir da Turquia, e ser filmado na Jordânia”.
Outro filme em destaque é “Saint Omer”, de Alice Diop, agora nomeada para Melhor Realizadora, após o último Festival de Veneza ter levado para casa o Leão de prata e o prémio de Melhor Primeiro Filme.
A longa-metragem baseia-se numa notícia que há dez anos fez correr tinta em França quando uma jovem mãe deixou o mar levar a filha de 15 meses, sem qualquer motivo aparente.
Para a realizadora, que com esta obra, representa também França na corrida aos Óscares, o reconhecimento da história, centrada numa mulher negra, “carrega o universal e de certo modo este prémio é uma forma de consagração, de provar isto que para mim é eminentemente político: o corpo de uma mulher negra pode dizer o universal e falar a todas as mulheres e a todos os homens do mundo, quer sejam brancos, ou negros, e para mim isso é fundamental”.
A família e o ruralismo em Espanha estão no epicentro de “Alcarràs”, uma longa-metragem nomeada para Melhor Filme e que valeu também a Carla Simón, vencedora do Urso de Ouro na Berlinale deste ano, a nomeação para Melhor Realizadora. “Corsage”, de Marie Kreutzer, conta com três nomeações, para Melhor Filme, Melhor Atriz e Melhor Relaizador.
Fruto de uma coprodução entre Áustria, França, Alemanha e Luxemburgo, o filme conta a trágica história de “Sissi”, a princesa austríaca, rebelde e feminista em pleno século XIX. Euronews – De Frederic Ponsard