Fica difícil não ter conotação política uma partida de futebol que envolve dois povos que estão separados por um muro, aquele de Melilla. De um lado estão os espanhóis que construíram o obstáculo para evitar que os povos do deserto entrem no país através da fronteira terrestre que poucos brasileiros sabem que existe. Do outro estão pessoas famintas que fogem da miséria e da morte e que muitas vezes, quando conseguem superar a barreira física, acabam encontrando outro obstáculo, o do preconceito que os faz voltar para trás.
Hoje, 6, eles tiveram seu dia de revanche. Não foi fácil porque assim como sempre fizeram os filhos de Melilla, os onze que entraram em campo e todos os outros que vieram depois, mas também que estava no banco, tiveram que ter paciência, suportar a pressão e atacar no momento justo. Não foi suficiente nem para um, nem para outro e a partida que já tinha terminado 0 a 0 nos 90, ficou assim também nos 120.
Na decisão por pênaltis brilhou a estrela de Bono, goleiro de 1m95 que fechou o gol, pegou três pênaltis seguidos e ergueu outro muro de Melilla, só que para impedir os europeus de avançar.
A Espanha está fora. Há quem tenha imaginado que eles, os espanhóis haviam escolhido de deixar o Japão ganhar para eliminar a Alemanha, mas é pura fantasia; a verdade é que o time dos espanhóis é bem fraquinho, e hoje encontrou Leões que lutaram até o fim, e que mesmo sendo inferiores aos japoneses conseguiram manter as fronteiras fechadas. A Espanha volta para casa, Marrocos está em casa e deve enfrentar Portugal nas quartas.