Há 50 anos, a condenação por um tribunal de Washington de Gordon Liddy e James McCord Jr, ambos homens de mão do presidente norte-americano, Richard Nixon, deu início ao tsunami mediático que ficou para a história como o escândalo “Watergate”.
Respetivamente oficiais do FBI e da CIA, Liddy e McCord foram condenados por conspiração, roubo e escutas telefónicas na sede do Comité Nacional Democrático, localizada no hotel Watergate, em Washington.
O tribunal considerou provado que fizeram parte do grupo de sete homens que invadiram os gabinetes eleitorais dos Democratas para obter informações em primeira mão sobre a campanha eleitoral do rival de Nixon, George McGovern.
Depois desse escândalo, a política e os meios de comunicação social nunca mais seriam os mesmos, diz John Dean, o antigo conselheiro jurídico da Administração Nixon – consultor jurídico da Casa Branca – acusado pela sua participação no encobrimento do escândalo e que se tornou uma testemunha-chave do inquérito.
“No panorama geral, o que aconteceu mudou dramaticamente e para sempre a cobertura das atividades de um presidente e dos EUA pelos meios de comunicação social. Antes do Watergate, era dado aos presidentes o benefício da dúvida. A partir do Watergate, os presidentes deixaram de ter o benefício da dúvida, como antes. Tinham mesmo de provar virtualmente a sua inocência”.
O impacto sobre os Media
O Washington Post divulgou a notícia sobre as escutas telefónicas ilegais contra o candidato democrata, John McGovern.
Os EUA e as opiniões públicas internacionais descobriram que mesmo a maior democracia do mundo não estava imune a comportamentos eleitorais ilegais.
Após as acusações de Liddy e McCord Jr, a imprensa começou a noticiar em massa o escândalo Watergate.
A influência dos meios de comunicação social é ligeiramente diferente atualmente, porquê? Perguntámos ao jornalista já reformado, Nick Davies, que trabalhou no The Guardian e The Observer.
“Podiam usar-se as palavras como armas para criar mudanças. Mas isso mudou. As palavras já não são tão poderosas como costumavam ser. Penso que isso se deve, em parte, ao facto de haver demasiadas palavras. Por causa da Internet, é como andar por aí no meio de um estádio a falar sem microfone”, explicou.
Um perdão surpreendente
O escândalo Watergate abalou a opinião pública e obrigou Richard Nixon a abandonar a Casa Branca a 9 de agosto de 1974, dois anos após ter ganho as eleições contra McGovern.
Na véspera anunciou: “Demitir-me-ei da presidência com efeito a partir do meio-dia de amanhã. O vice-presidente Ford tomará posse como presidente a essa hora neste gabinete.
Richard Nixon saiu de cena e, surpreendentemente, um mês depois, o seu sucessor, Gerald Ford, anunciou o perdão por “todas as ofensas contra os Estados Unidos”, que tenha cometido. euronews