Para uma companhia de dança, a publicação de um livro é uma forma de registrar momentos que são mágicos no palco, mas depois permanecem difusos na memória do público. Resgatar todo o trabalho envolvido na criação dos espetáculos que colorem as cinco décadas de sua existência foi o propósito do livro “Balé Teatro Guaíra – 52 anos de uma história da dança paranaense”.
A obra, que levou oito anos para vir a público, será lançada em formato digital durante a temporada de abertura de espetáculos do Balé Teatro Guaíra, realizada em parceria com a Orquestra Sinfônica do Paraná, de 3 a 5 de março, com o espetáculo “Terra Brasilis”, criação de 2022 com assinatura de Jorge Garcia e Alex Soares. Além da consulta à versão digital pelo site do projeto, o leitor também poderá requerer o livro impresso (veja no serviço).
“Pude contar com a extensa documentação que o BTG fez com muito cuidado em todas as suas gestões, tanto em fotos inéditas, quanto entrevistas, atas de processos de seleção, críticas de profissionais de todo o Brasil”, explica a autora, Cristiane Wosniak, historiadora e professora de história da dança na Unespar – e aluna da escola do Teatro Guaíra em sua adolescência. Os 52 anos do BTG foram completados em 2021, quando o livro foi finalizado.
“O Balé Teatro Guaíra é, em si, um patrimônio do Estado do Paraná. É um grupo de artistas muito inquieto, sempre olhando para o futuro, pensando na próxima grande obra, próxima grande coreografia. Por isso é muito feliz poder ver uma obra como a deste livro, celebrando a história da companhia, refletindo sobre os grandes momentos. Este livro é um presente para a memória da dança, não apenas paranaense, como de todo o Brasil”, destaca o diretor-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, Cleverson Cavalheiro.
Entre os momentos lendários estão desde “O Grande Circo Místico” (1983), com música de Chico Buarque e Edu Lobo, até clássicos recentes repaginados, como “Romeu e Julieta” e “O Lago dos Cisnes”, passando pela “Sagração da Primavera”, num resgate que visitou as origens ritualísticas da obra icônica.
No casamento entre arte e técnica, destaques como “O Segundo Sopro” (1999), ou “balé das águas”, colocam o BTG na vanguarda nacional: aquela foi a primeira vez que se fez chover num palco no Brasil, graças à criatividade da equipe técnica do Guaíra na formação de um espelho d’água que permitiu o deslizamento dos bailarinos.
Em seu texto, Cristiane destaca o processo de amadurecimento do BTG, que surpreendeu o público a cada virada artística, num caminho que ainda percorre. “Estamos falando de uma companhia que conquistou uma identidade nacional e um amplo reconhecimento além das fronteiras, não apenas do Estado, mas do País. Tornou-se um personagem, um organismo vivo e dinâmico a trilhar um caminho cuja identidade móvel tem permitido constantes diálogos com o ambiente em que está inserido”, afirma.
A autora destaca ainda a “incansável busca de uma linguagem própria, uma referência forjada na ideia de uma interpretação paranaense de pensar e fazer dança”.
A maior parte da tiragem impressa será destinada à distribuição gratuita em escolas, teatros e bibliotecas do Paraná, mas ela também pode ser adquirida pelo site. O projeto de criação do livro envolve ainda uma versão digital traduzida para a língua inglesa, um audiobook e ações de formação de plateia e palestras em escolas públicas.
O Projeto foi viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Copel, e realização da Associação Brasileira de Apoiadores Beneméritos do Teatro Guaíra, Centro Cultural Teatro Guaíra, PalcoParaná, Secretaria de Estado da Cultura e Ministério da Cultura. AEN