O ex-deputado federal e militante histórico do Partido dos Trabalhadores José Genoíno Neto esteve em Maringá na última quinta-feira participando do lançamento do Comitê pela Revogação do Novo Ensino Médio. Genoíno se disse surpreso positivamente ao encontrar o público que lotou a Sala Joubert Carvalho nas dependências do Centro de Ação Cultural da Prefeitura de Maringá e antes do encontro, aceitou ser entrevistado pela redação de OFATOMARINGA.COM.
Na pautas, temas como a governabilidade, a relação do PT com a Frente Ampla que o elegeu e que tem dentro movimentos de origem neoliberal que destoam da esquerda ideal que Genoíno, Marina Silva e Sônia Guajajara tem por ideal, uma análise sobre a Anistia de 1979, o papel dos militares como instituição a serviço dos Poderes que compõem o Estado Republicano Brasileiro e o retorno do país ao cenário internacional através do Brics e do enfrentamento das políticas americanas nas relações comerciais entre as nações.
Questionado sobre a necessidade de admitir que o pais tem uma democracia incompleta e que ainda se equilibra para evitar novos golpes adiados como o 1954, e efetivos como os de 1964 e 2016, Genoíno descreveu o cálice como meio cheio já que a vitória nas urnas tirou do poder um governo de extrema direita que ameaçava os Poderes Constituídos já que flertava com o retorno da ditadura.
“O mérito dessa vitória de Lula foi barrar a tragédia. A derrota do inominável é um FATO surpreendente e recupera a ideia de reconstrução e transformação do Brasil. Temos que derrotar a extrema direita que continua forte, temos que derrotar a agenda neoliberal, com juros altos e privatizações, além da tirania do ajuste fiscal, para podermos viabilizar políticas sociais para a Saúde, para Educação, para geração de empregos e aumento da renda. Esse desafio exige tanto a participação do governo quanto da sociedade. Eu estou me dedicando a esse processo de organização e mobilização de debates com a sociedade civil na relação com os movimentos sociais, e esse debate sobre a revogação do novo ensino médio é o ponto central das atenções, porque essa reforma é um apartheid que visa destruir toda possibilidade de ascenção social da classe trabalhadora“, analisa Genoíno.
Provocado sobre as costuras que o governo Lula está tendo que fazer para manter-se em pé e sobre as primeiras fissuras com Marina Silva e Sônia Guajajara por causa da medida provisória aprovada na Câmara que retira atribuições dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, José Genoíno disse “que está com Marina e com a Sônia”.
“Isso me preocupa, por isso temos que entender que a governabilidade é tensionada; estou do lado da Marina, da Guajajara e de todos aqueles que fizeram declaração de voto criticando aspectos do ajuste fiscal de Haddad. Temos que governar com um governo que é amplo, mas ao mesmo tempo temos que ter uma esquerda que pressione e mobilize a sociedade. As costuras amplas pressupõem a criação de costura à esquerda. A Frente Ampla pressupõe a criação de um Frente Ampla de Esquerda com a presença do PT, PSOL, PSB, PCdoB, parte do PDT e com um pé no Congresso e com o outro na sociedade. É um desafio novo porque o modelo de governabilidade quando elegemos Lula e depois Dilma já foi superado e agora tem que evoluir para um modelo que conte com a participação efetiva dos partidos de esquerda, dos movimentos sociais, dos sindicatos, das universidades, da intelectualidade progressista para que possamos governar tensionando e pressionando”, explicou Genoíno.
No encerramento da entrevista com Genoíno, perguntamos se ele era otimista com o cenário atual, e ele respondeu que “era otimista e militante”.
Assista também na íntegra a fala de José Genoíno no encontro sobre a revogação do novo ensino médio.