Este 5 de junho marca um ano do assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira.
A dupla, que realizava uma missão na mata, desapareceu no Vale do Javari, na floresta amazônica, quando seguia de barco para um contato com grupos indígenas.
Fórum dos Povos Indígenas
Phillips preparava um livro sobre a sustentabilidade da floresta em harmonia com os moradores, e já havia participado de outras missões com Pereira, que era um indigenista respeitado.
A insegurança do Vale do Javari e os esforços para proteger a população foi um dos temas da conversa da ONU News com a ministra dos povos indígenas, Sonia Guajajara. Ela esteve em Nova Iorque, em abril, para discursar no Fórum dos Povos Indígenas.
“Povos totalmente vulneráveis”
“O Vale do Javari também foi esse palco da brutalidade do crime contra Dom Philips e Bruno Pereira, então a gente precisa realmente dar uma atenção especial ali pra evitar que outras lideranças e outros indigenistas venham a ser mortos simplesmente por estarem lutando para proteger esses territórios.”
Segundo Guajajara, o Vale do Javari concentra a maior quantidade de povos indígenas isolados, “que não tem nenhum contato com a sociedade”. É uma área com “exploração ilegal de madeira, de caça e de pesca, o que torna esses povos totalmente vulneráveis”.
A ministra disse que a região precisa de uma “fiscalização permanente”, com envolvimento de todos os órgãos responsáveis, como Ibama e Funai. Após reuniões com lideranças indígenas locais, ela afirmou que “foi elaborado um plano de segurança e fiscalização do Vale do Javari”.
Coordenação interministerial
“A gente vai definir as estratégias para implementar esse plano. Isso envolve também produção, apoio às atividades agrícolas dos povos indígenas, valorização da bioeconomia. Então são sempre muitas as demandas, foi muito tempo de abandono”.
A ministra afirmou que foi criado um “comitê operacional” para coordenar as ações. O grupo inclui os Ministérios dos Povos Indígenas, dos Direitos Humanos, da Justiça e a Casa Civil.
Na época, agências de notícias informaram que dias após o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira, um dos suspeitos teria confessado o assassinato e indicado à polícia o local dos corpos. Os restos mortais foram encontrados no dia 15 de junho de 2022.
Após as mortes, a ONU fez um apelo ao Brasil para prevenir ações ilegais em territórios indígenas. ONU NEWS