Para reforçar a vontade coletiva global de acelerar a transição para um futuro mais sustentável, o secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou a Cúpula da Ambição Climática. O evento que acontece nesta quarta-feira conta com a presença de diversos chefes de Estado, em Nova Iorque.
Na abertura, Guterres disse que “se nada mudar, vamos atingir um aumento de 2,8°C na temperatura global e caminhar em direção a um mundo perigoso e instável.”
“Cabe aos líderes escrever o futuro”
O chefe das Nações Unidas ressaltou que “o futuro não está definido e cabe aos líderes escrevê-lo”.
Segundo Guterres, o caminho a seguir é claro, pois está sendo “forjado por pessoas persistentes e pioneiras, algumas presentes na Cúpula”.
Ele disse que assas lideranças incluem ativistas que não se calam, povos indígenas que protegem suas terras, empresários que transformam seus modelos de negócios, prefeitos que apostam em um futuro sem carbono e governos que se empenham em acabar com o uso de combustíveis fósseis.
Guterres afirmou que esses campeões do clima precisam de “solidariedade, apoio e que os líderes globais tomem atitudes.”
Brasil aposta na “quebra da inércia”
O Brasil foi representado no evento pela ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Em conversa com a ONU News, na segunda-feira, ela disse que a liderança do secretário-geral nos temas relacionados à crise ambiental global tem sido muito importante.
A ministra afirmou que é preciso “quebrar a inércia dos resultados que já foram alcançados até aqui, porque a ciência está dizendo que eles não são suficientes.”
“Não é mais o mundo rico cobrando dos pobres ou os pobres cobrando dos ricos, é a ciência dizendo que temos que fazer mais. Mas para fazermos mais, precisamos dos recursos para o fundo de apoio aos países em desenvolvimento, precisamos de cooperação tecnológica e principalmente de um processo multilateral que nos leve a ter compromissos efetivos e que sejam implementados por todos.”
Determinação de liderar pelo exemplo
Marina Silva disse que o clima é a “crise das crises” e que os países precisam aumentar suas ambições para responder a esta ameaça.
“O Brasil está com a determinação de liderar pelo exemplo. Nós já conseguimos reduzir o desmatamento nesses oito primeiros meses de governo do presidente Lula em 48%, com essa redução nós evitamos lançar na atmosfera algo em torno de 200 milhões de toneladas de CO2. E o Brasil quer participar de um esforço na COP28, na cop29 para que possamos chegar na COP 30 com a possibilidade de aumentar as ambições de todos os países.”
A ministra afirmou que é preciso “mitigar, adaptar, mas é preciso sobretudo transformar.”
O secretário-geral da ONU disse que “o futuro da humanidade está em nossas mãos”. De acordo com ele, “uma cúpula não vai mudar o mundo”, mas pode ser um momento poderoso para impulsionar transformações nos próximos meses.
Cerca de 34 Estados membros participam do encontro compartilhando medidas de ação climática. Dos países de lusófonos, Portugal está na lista dos participantes.
Em seu discurso na Assembleia Geral, o presidente de Portugal, Marcelo Rebello, mencionou a urgência por cooperação mais ambiciosa contra as alterações climáticas, que causam cada vez mais fenômenos extremos. ONU NEWS