Doença antiga de caráter infeccioso-crônico, a Hanseníase é caracterizada pelo aparecimento de manchas de cores variadas (esbranquiçada, avermelhada ou acastanhada) e pela diminuição da sensibilidade da pele, sendo considerada uma enfermidade negligenciada por parte da população brasileira. Atualmente, o Brasil responde por 96,3% dos casos quando considerados todos os países das Américas, alerta a Organização Mundial de Saúde (OEA). A Hanseníase é debatida na Campanha Janeiro Roxo, cujo tema deste ano é “Conhecer, Tratar e Acolher”, concentrando ações de conscientização nesta segunda-feira (29), véspera do Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase.
Professora do Departamento de Enfermagem (CCS) e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da UEL, Flávia Meneguetti Pieri irá conduzir uma atividade junto aos funcionários do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) dos Correios em Londrina. O início da manhã de trabalho dos profissionais deverá ser marcado por uma conversa informal sobre os sintomas e tratamento, contando com a distribuição de materiais gráficos sobre a doença. A atividade terá início às 7h30 no CDD, localizado na avenida Máximo Peres Garcia, 405, Região Leste de Londrina. Em seguida, às 8h30, a professora irá participar de atividades de conscientização na Unidade Básica de Saúde (UBS) Armindo Guazzi (Região Leste), na avenida São João, 4321.
Coordenadora do Grupo de Atuação e Pesquisa em Infectologia (Gapi) da UEL, Pieri explica que o combate à doença passa pela capacitação dos profissionais da atenção primária, porta de entrada do sistema público de saúde para a investigação do diagnóstico. Em 2023, cerca de 200 agentes comunitários de saúde (ACS) receberam a capacitação do Gapi e o objetivo, explica a professora, é aprofundar este trabalho ao longo deste ano. “Iremos retomar e incluir a avaliação dos contatos dos casos confirmados de hanseníase desde 2019”, explica.
É desta forma que o Centro de Ciências da Saúde da UEL quer colaborar para enfraquecer a doença no estado do Paraná, primeiro da Região Sul do País no número de novos casos: fortalecendo o diagnóstico.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná apontam que ao menos 210 novos casos já foram diagnosticados em todo o estado somente nos primeiros 26 dias de 2024. O número é proporcionalmente alto em comparação com o total registrado nos últimos anos, demonstrando a importância de ações de conscientização. “Em 2021 foram 410 novos diagnósticos; em 2022, 374 e em 2023, 341 em todo o estado”, lembra a professora.
O tratamento é feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) pertencentes e nos Centros de Referência, como a Policlínica e o Cismepar, e envolve a associação de três antimicrobianos: rifampicina, dapsona e clofazimina. Essa associação é denominada Poliquimioterapia Única (PQT-U) e está disponível nas apresentações adulto e infantil.