A empresa tecnológica norte-americana Apple foi condenada a pagar uma multa de 1,84 bilhão de euros por abusar da sua posição dominante no mercado de distribuição de aplicações de streaming de música para utilizadores de iPhone e iPad, informou a Comissão Europeia.
A empresa criou “restrições ilegais aos criadores de aplicações, impedindo-os de assinalar aos consumidores que poderiam obter serviços digitais de acesso a música por assinatura mais baratos”, o que viola as regras da concorrência da União Europeia, segundo explicou a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager.
Today, @EU_Commission has fined @Apple 1.84 bn € for abusing its dominant position on the market for the distribution of #music #streaming #apps.
👉@Apple illegally restricted #app developers’ ability to inform #users about cheaper options to buy🎶, outside the🍏ecosystem.
— Margrethe Vestager (@vestager) March 4, 2024
“Alguns consumidores podem ter pago mais – porque não sabiam. Outros podem não ter conseguido encontrar alternativas. Consideramos que são condições comerciais injustas”, acrescentou Vestager.
A Apple terá de remover essas restrições e evitar que volte a acontecer. Além disso, a gigante da tecnologia deve permitir que os criadores de aplicações possam melhor comunicar com os clientes.
Em resposta à multa de hoje, a Apple disse em comunicado que irá recorrer: “Ajudamos os mercados a prosperar, promovendo a concorrência e a inovação a cada passo – e a App Store é uma parte importante dessa história. Portanto, embora respeitemos a Comissão Europeia, os factos simplesmente não apoiam esta decisão. E, como resultado, a Apple irá recorrer”, afirmou.
A queixa do Spotify
O executivo da UE começou a investigar acusações contra a Apple por obstruir outros serviços de música nos seus dispositivos depois da empresa sueca de streaming de música, Spotify, ter apresentado uma queixa formal, em 2019.
O Spotify alegou que a Apple limitou a escolha e a concorrência na sua loja de aplicações, cobrando uma taxa de 30% em todas as compras e impedindo que outras pessoas informassem aos clientes que poderiam evitar as taxas extras inscrevendo-se no site do Spotify.
Mas a Apple argumenta que foi ela que permitiu ao Spotify transformar-se no maior negócio de música digital do mundo.
“Apesar desse sucesso e do papel da App Store em torná-lo possível, o Spotify não paga nada à Apple. Isso porque o Spotify – como muitos desenvolvedores da App Store – fez uma escolha. Em vez de vender assinaturas na sua aplicação, eles vendem-nas no seu website. E a Apple não cobra comissão sobre essas compras”, afirmou.
Outras multas
A Apple, que nunca tinha sido multada pela Comissão Europeia, também recebeu uma multa de 1,1 bilhão de euros na França, por alegado comportamento anti-concorrencial em 2020, que foi reduzida para 372 milhões de euros após recurso.
A multa hoje anunciada acontece no momento em que os chamados gatekeepers – empresas tecnológicas gigantes tais como Apple, Amazon e Google – devem passar a cumprir a Lei dos Mercados Digitais (LMD) da UE, a partir de 7 de março. Estas regras exigem que as maiores empresas de tecnologia partilhem informações sobre os seus serviços com os seus concorrentes.
Vestager disse que espera que a LMD acelere investigações similares ao da que foi feita à Apple. euronews