Ingressamos em outubro, no mês das missões. Bom momento para retomarmos nosso compromisso como discípulos e missionários respondendo ao chamado de Jesus e assumindo a missão que Ele nos confia, dentro e fora de nossas comunidades: “Depois disso, o Senhor designou outros setenta e dois, e os enviou à sua frente, dois a dois, a todo povoado e lugar para onde ele pretendia ir” (Lc 10, 1). Neste domingo, vamos escolher nossos representantes para as Câmaras municipais e eleger os prefeitos de nossos municípios.
Momento valioso para aumentar a presença das mulheres no destino de nossas cidades e de escolher quem tem uma trajetória de serviços à comunidade, de compromisso com os mais necessitados, a justiça e a preservação ambiental. No evangelho (Mc 10, 2-16), Jesus se defronta com dois grupos: o dos fariseus que querem colocá-lo à prova e o dos discípulos que enxotam crianças e suas mães, que tentavam dele se aproximar, em busca de sua bênção. Jesus se aborreceu com os discípulos e precisou reprova-los: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais. Porque o Reino de Deus é dos que são como elas” (10, 14). E conclui: Em verdade, eu vos digo, quem não receber o Reino de Deus, como uma criança, não entrará nele” (10, 15). Às palavras, acrescenta Jesus gesto concreto de afetuosa acolhida: “Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos” (10, 16). Que em nossas famílias, comunidades, escolas e sociedade, sejam as crianças acolhidas, educadas e acompanhadas, de modo especial as que são órfãs, as que se encontram nas ruas ou em instituições para menores infratores. Elas precisam ser abraçadas e não enxotadas, como estavam fazendo os discípulos. Os fariseus, para emparedar Jesus, querem discutir a lei e a doutrina do ponto de vista dos homens na sua relação de domínio patriarcal e de prepotência sobre as mulheres: “É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher?” (10, 2), Jesus volta seu olhar para a dignidade e igualdade das mulheres, para os sofrimentos e também sonhos de liberdade e felicidade inscritos nos corações de todos os humanos. Face à certidão de divórcio instituída por Moisés, que devolvia à mulher sua liberdade, mas que, na prática, permitia ao homem despachar sua mulher de mãos abanando, Jesus esclarece: “Foi por causa da dureza de vosso coração que Moisés vos escreveu esse mandamento. No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher (em igualdade). Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe” (10, 5-7). Em nosso círculo familiar e em nossas comunidades, conhecemos muitos casais que passam por dificuldades em seu relacionamento, na luta pelo sustento da casa, com impasses na educação dos filhos. Conhecemos também separações dolorosas e casais em segunda núpcias. Somos chamados a escuta-los, a oferecer o apoio da comunidade, sem apresentar receitas prontas ou julgamentos apressados. Jesus não se juntou aos doutores da lei e aos fariseus prontos a apedrejar a mulher surpreendida em adultério. Convidou a que jogasse a primeira pedra, quem não tivesse pecado. Depois que saíram todos, um a um, a começar pelos mais velhos, Jesus perguntou-lhe: “Mulher ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vai e não peques mais” (Jo 8, 1-11).