Foto: Ari Dias/AEN
O Governo do Paraná promoveu evento online para lançar oficialmente a Rede Morangos do Brasil, que envolve pesquisadores e agricultores da cadeia produtiva do morangueiro. A rede foi instituída no ano passado, por meio de um Memorando de Entendimento entre instituições de vários estados – Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina –, com foco na redução de custos e no aumento da produtividade e qualidade do fruto.
Juntos, os cinco estados respondem por cerca de 80% da produção de morangos no Brasil. Nesse cenário, a ideia é elaborar um plano multirregional, articulando ações e atores para o fortalecimento socioeconômico da cultura. O intuito é fomentar a produção nacional, desenvolvendo cultivares com potencial produtivo e de fácil adaptação às diferentes regiões do território brasileiro.
Priorizando o desenvolvimento regional sustentável, as ações devem contemplar aspectos como: melhoramento genético; tecnologia de produção de mudas; nutrição de plantas nos sistemas de produção; fitossanidade (prevenção de doenças e pragas); pós-colheita; e gestão da cadeia produtiva (produção e comercialização).
A iniciativa conta com investimento de R$ 1,6 milhão, sendo R$ 680 mil do Fundo Paraná, dotação para o financiamento da produção científica e tecnológica paranaense, e R$ 326 mil da Fundação Araucária, com recursos do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O restante dos recursos é proveniente dos estados parceiros.
COOPERAÇÃO – O superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, destacou a cooperação da comunidade acadêmica na produção de conhecimento, associada às ações de políticas públicas. “É importante que a ciência esteja a serviço da melhoria das condições de vida da população, gerando riqueza, renda e desenvolvimento econômico e social”, afirmou, pontuando a urgência por cultivares próprias do morango.
Para o diretor do Departamento de Desenvolvimento de Cadeiras Produtivas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Alexandre Barcelos, a parceria é fundamental para a consolidação da atividade produtiva. “O trabalho em rede vai permitir potencializar a produtividade das propriedades rurais, agregando valor e minimizando perdas e desperdícios que assolam os agricultores. Estamos conectados nessa perspectiva para fortalecer o processo produtivo como um todo”, salientou.
DIAGNÓSTICO – Um dos coordenadores da Rede Morangos do Brasil, o professor Juliano Tadeu Vilela Resende, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), apresentou um diagnóstico prévio, realizado nos primeiros meses de trabalho.
Atualmente, o Brasil não dispõe de programas de melhoramento genético da atividade produtiva, o que acaba gerando dependência de outros países. A área plantada de morangos no território nacional é de 6 mil hectares e a produção alcança a marca de 250 mil toneladas. Além dos cinco estados que integram a rede, a produção abrange Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, gerando cerca de 150 mil empregos diretos.
Em termos de custo de produção, a implantação de um hectare com morangos, por exemplo, varia entre R$ 50 mil a R$ 150 mil, sendo que as mudas representam cerca de 60% desse valor, dependendo do manejo e do nível tecnológico empregado no sistema de produção. Geralmente são utilizadas 40 mil mudas por hectare, cujo valor do milheiro está entre R$ 1.500 e R$ 1.800.
Anualmente, o Brasil demanda 200 milhões de mudas – cerca de 150 milhões são importadas do Chile, da Argentina e da Espanha –, o que gera um desequilíbrio na balança comercial em torno de R$ 250 milhões. As mudas são produzidas na Patagônia, no extremo sul da América do Sul, enquanto o material genético é de origem americana, italiana e espanhola.
“Considerando que praticamente todos os insumos utilizados na cultura do morango são cotados em dólar, inclusive as mudas, observamos um aumento substancial no custo de produção, o que vem dificultando a vida dos agricultores e reduzindo a capacidade de investimento. Outro desafio está relacionado à logística na pós-colheita, compreendendo a distribuição, o armazenamento, o transporte e a embalagem, assim como a falta de programas governamentais de apoio para assegurar a sustentabilidade da cadeia produtiva”, sinalizou Juliano. AEN/PR