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Jair Bolsonaro foi recebido esta quarta-feira no Kremlin. A primeira visita do presidente brasileiro à Rússia acontece em plena crise geopolítica com a Ucrânia e com o ocidente. “Solidariedade com a Rússia” foi uma frase repetida por Bolsonaro mais do que uma vez num encontro sem máscaras e sem o distanciamento imposto a outros líderes internacionais com quem Vladimir Putin se encontrou nas últimas semanas.
O Brasil é o principal parceiro da Rússia na América do Sul. Bolsonaro pôs Deus na equação das relações entre os dois países.
“Compartilhamos valores comuns como a crença em deus e a defensa da familia. Também somos solidarios a todos aqueles países que querem e se empenham pela paz,” declarou Jair Bolsonaro no final da reunião
Cooperação Brasil-Rússia
Rússia e Brasil aprovaram hoje uma declaração conjunta para aprofundar a cooperação económica, após o encontro.
“Hoje tivemos negociações muito substanciais e construtivas, ao final das quais aprovámos uma declaração conjunta, que reflete os principais pontos para o aprofundamento da cooperação russo-brasileira”, declarou Putin num comunicado conjunto assinado também por Bolsonaro.
“Os nossos países estão interessados na futura expansão da cooperação económica (…) O Brasil é o principal parceiro comercial da Rússia na América Latina e no Caribe”, lembrou o chefe do Kremlin.
Putin mencionou que um terço do intercâmbio comercial da Rússia com a América Latina e o Caribe corresponde precisamente às trocas com o Brasil e destacou que no ano passado, apesar das dificuldades causadas pela pandemia de covid-19, o comércio aumentou.
Putin também destacou projetos comuns nas áreas de energia hidroelétrica e uso pacífico da energia nuclear.
Nesse sentido, o Presidente da Rússia mencionou que a empresa Rosatom estaria disposta a participar da construção de fábricas nucleares em território brasileiro, incluindo instalações flutuantes.
O Presidente russo também saudou o desenvolvimento da cooperação bilateral na indústria química e na produção de fertilizantes ecológicos, lembrando também os laços humanitários e de cooperação na área educacional.
Já o Presidente do Brasil destacou, em conversa com jornalistas, ter apreendido da conversa com Putin o interesse de ambos os países em retomar os níveis de comércio bilateral e explorar novas áreas de cooperação.
“Temos uma agenda bastante frutífera e vemos o retorno do comércio bilateral aos níveis anteriores à pandemia do coronavírus, que eclodiu no Brasil em fevereiro de 2020”, disse Bolsonaro aos repórteres no Kremlin.
“O Brasil é uma potência, principalmente no agronegócio, e há muito interesse da nossa parte no comércio de fertilizantes e notamos o interesse russo em plantas brasileiras habilitadas para a aquisição de produtos de origem animal”, acrescentou.
Há uma intensa relação comercial entre os dois países, com saldo claramente favorável à Rússia, que em 2021 exportou produtos no valor de 5,7 mil milhões de dólares (cerca de 5 mil milhões de euros) para o Brasil, dos quais 60% corresponderam a operações de fertilizantes.
As exportações do Brasil para a Rússia, também no ano passado, somaram 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de dólares) e foram compostas, sobretudo, por produtos alimentícios.
Bolsonaro também será recebido em Moscovo pelas autoridades da Duma (câmara baixa do Parlamento russo) e pelos empresários do Conselho Empresarial Brasil-Rússia. euronews