A euronews falou com um ativista ambiental bósnio que observa este desastre ecológico há mais de uma década.
“Esta situação tem um impacto enorme na biodiversidade local. Os microplásticos são absorvidos pelos peixes que comemos. Como faltam infraestruturas operacionais de reciclagem, o lixo é queimado numa central de incineração de resíduos do município. Os moradores são obrigados a respirar os gases produzidos pela combustão”, contou Dejan Furtula, ativista do Visegrad Eko-Centar.
Recentemente, pela segunda vez desde o início do ano, as barreiras flutuantes que impedem a circulação do lixo voltaram a quebrar-se.
Frigoríficos flutuam no rio
“Aqui temos um frigorífico ou algo assim. Ontem, havia seis ou sete frigoríficos na água. A barreira partiu-se e por isso só está aqui um frigorífico. Os outros devem ter ido à deriva rio abaixo, em direção às instalações da central hidroelétrica ali mais abaixo. Todos os anos vivemos a mesma situação com o lixo flutuante”, acrescentou o ativista ambiental da Bósnia-Herzegovina.
Uma segunda barreira foi instalada dois quilómetros a jusante para evitar que os resíduos afetassem o funcionamento da barragem hidroelétrica. Todos os anos, a central de produção de eletricidade recolhe entre seis e oito mil metros cúbicos de resíduos flutuantes.
“O volume de lixo é tão elevado que fomos obrigados a abrir uma unidade de limpeza totalmente nova que funciona em conjunto com a nossa própria instalação. Estas operações custam-nos, dependendo do ano, entre 25 mil e 100 mil euros anuais ”, explicou Darko Frganja, chefe do departamento de proteção ambiental da barragem bósnia.
Falta cooperação ambiental entre a Sérvia, a Bósnia e o Montenegro
Há 25 anos que as associações de proteção ambiental denunciam o problema. Mas os três países, a Sérvia, a Bósnia e o Montenegro, pouco fazem além de se acusarem uns aos outros.
“Eu espero que os políticos façam mais coisas. Sabemos que, no ano passado, houve uma reunião aqui em Višegrad com os Ministros da Ecologia do Montenegro, da Sérvia e da Bósnia- Herzegovina. Mas não deu em nada. Passaram quase dois anos e aqui estamos novamente, com o mesmo problema. Acho que eles deveriam preocupar-se mais com a saúde das pessoas que moram aqui ”, acrescentou o ambientalista da Bósnia-Herzegovina.
Fonte: EURO NEWS