COBERTA CURTA
As duas mensagens manifestadas publicamente pela OAB de Maringá com apoio de outras entidades acontecem num intervalo de dois dias e podem ser interpretadas com um ditado popular: “Não adianta cobrir um santo e descobrir o outro”.
Na quarta-feira, 9, integrantes da OAB e da Comissão de Enfrentamento à Violência de Gênero da Subseção – Cevige, visitaram o novo delegado da Delegacia da Mulher, Rodolfo Vieira. Após a reunião, os integrantes da Subseção emitiram uma nota, destacando apoio à manutenção do Dr. Rodolfo à frente da Delegacia da Mulher. Assinaram a Nota, a Presidenta da Subseção Dra. Ana Cláudia Pirajá Bandeira, a Conselheira da subseção Dra. Liana Carla G. dos Santos, a Presidente da CEVIGE Dra. Carolina Cleópatra Codonho da Silva e a Secretária da CEVIGE Dra. Lorenna Roberta Barbosa Castro. Leia a Nota na íntegra
Na sexta-feira, 11, foi a vez de uma Nota de apoio à permanência da delegada do Nucria. “Vimos por deste documento manifestar o nosso apoio na manutenção do trabalho realizado pelaDra. Karen Friedrich Nascimento frente ao Núcleo de Proteção de Apoio à Criança e ao Adolescente Vítima de Crime (NUCRIA) e que esta não seja transferida para a delegacia da Mulher”, se lê no documento. Além da OAB, firmam a Nota, Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude – UEM, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Maringá (Apae). As entidades reconhecem a importância e a necessidade de uma mulher assumir a Delegacia da Mulher em Maringá e outros município, mas explicam porque são contra a transferência da Dra. Karen. Leia a Nota na íntegra
“Entendemos o cenário do sistema de segurança paranaense, em que há de fato uma carência de delegadas para assumir tais órgãos, bem como de outras servidoras para realizar o atendimento de mulheres vítimas de violência. Outrossim, é importante que tenhamos delegadas mulheres à frente de especializadas ao combate à violência contra a criança e o adolescente e, em Maringá, o trabalho que a Dra. Karen Friedrich Nascimento desenvolve no NUCRIA é mais do que elogiável, é necessário. Além do que, a Dra. Karen foi fundadora da referida delegacia especializada e tem dedicado a sua vida à causa de proteção à criança e ao adolescente”, enfatiza a OAB no documento.
Em resumo, estão dizendo que precisamos de uma coberta maior e não de descobrir quem já está coberto.
O FATO MARINGÁ entrou em contato com a delegada Dra. Karen Friedrich Nascimento na quarta-feira, 9, assim que o nome da delegada surgiu nas redes sociais como substituta na Delegacia da Mulher ao delegado recém empossado Dr. Rodolfo Vieira Nanes. A delegada disse que a portaria com sua transferência ainda não havia sido publicada e que por isso, ela prosseguiria com seu trabalho no Nucria e só falaria sobre a questão após a eventual oficialização do encargo.
Além da OAB, o Conselho Tutelar de Maringá também manifestou apoio à permanência da Dra. Karen no Nucria.
Leia a carta de repúdio neste link:
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REPÚDIO: Conselho Tutelar quer permanência da Dra. Karen no Nucria
ENTENDA O CASO:
O vazio deixado pela saída da delegada Luana Lopes da Delegacia da Mulher de Maringá pode dar indicações sobre um cobertor curto demais para suprir todas as necessidades de quem faz o trabalho e as expectativas de quem busca por justiça e não abre mão de conquistas que levaram décadas para serem consolidadas.
A falta de efetivo se reflete em todos os setores da Polícia Civil e aqueles mais sensíveis como Delegacia da Mulher e Nucria, são os que mais sofrem quando ao invés de reforços, sofrem baixas.
O concurso da Polícia Civil adiado em fevereiro deste ano por causa da pandemia, está programado para outubro. Dele, virão profissionais que vão ajudar a suprir parcialmente a necessidade de pessoal especializado. Serão mais 400, entre delegados, investigadores de polícia e papiloscopistas), esperando que entre eles haja muitas mulheres.
O Fórum de Mulheres de Maringá não gostou da designação de um homem para ocupar o lugar “que é de uma mulher”.
A instituição publicou Nota de Repúdio à nomeação. A O FATO MARINGÁ, a presidente do Fórum Valquíria Francisco disse “que o repúdio, era ao Estado e não à pessoa do delegado Rodolfo Vieira”, e que no próximos dias, uma comissão de mulheres iria visitá-lo para explicar detalhes da luta delas.
O FATO MARINGÁ entrevistou também o delegado recém empossado Rodolfo Vieira que analisou a conjuntura e disse entender a reivindicação do Fórum.
“É um problema histórico; sofremos com falta de efetivo e por isso me pediram para ocupar o cargo, coisa que faço com muita serenidade pois o trabalho não pode parar”, diz o novo delegado.
“Compreendo perfeitamente a reivindicação das associações que querem uma mulher à frente da delegacia, mas quero assegurar que o atendimento por aqui continuará sendo realizado da mesma forma que acontecia quando no comando estava a Dra. Luana. O atendimento inicial das mulheres vítimas de crimes é feito por duas mulheres investigadoras de polícia; são elas que atendem a vítima, as ouvem e quando necessário aplicam as medidas protetivas necessárias. Eu não terei contato com a vítima, terei contato somente com agressores”.
Nos próximos dias, caberá à Secretaria de Segurança Pública do Estado indicar a solução, que se espera, possa agradar a todos.
AGORA NA TV WEB – O FATO MARINGÁ
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