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A quinta geração das comunicações móveis (5G) deve revolucionar a área de saúde, segundo Beatriz de Faria Leão, coordenadora do curso de especialização em informática em saúde do Hospital Sírio-Libanês.
“Toda essa área de IoT (internet das coisas) é fundamental para pacientes crônicos”, afirma a médica, em entrevista ao inova.jor TIC. “Temos de pensar hoje em desospitalizar precocemente. Atender o paciente e acompanhá-lo em casa. Ele precisa estar conectado com todos os dispositivos, como glicosímetro e aparelho de pressão. Temos de saber se o paciente tomou a medicação. Idealmente temos de ter robôs em casa acompanhando idosos. Então eu acho que o 5G será uma transformação.”
Beatriz de Faria Leão destaca que trabalhou em Moçambique, na África, para a organização não governamental da Johns Hopkins, e que, para aquele público, a conexão sem fio é essencial.
“Eles não têm acesso à internet da mesma forma que nós, por fibra, mas eles têm pelo 3G, 4G e, quando tivermos o 5G, estaremos todos totalmente conectados.”
Desafio brasileiro
À frente do curso de informática em saúde, a médica aponta a necessidade de se formar profissionais que entendam dessas duas áreas.
Ela também identifica como desafios da aplicação da tecnologia à medicina a conectividade e a interoperabilidade no país.
Citando a pesquisa TIC Saúde 2017, elaborado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, ela analisa que os hospitais brasileiros, tanto privados quanto públicos, já estão relativamente bem conectados, mas que existe uma defasagem nas unidades básicas de saúde.
“Chegamos a ter 10 mil unidades, ou 28% delas, sem acesso nenhum à internet no país. O que abre uma oportunidade para se melhorar bem esse número”, afirma.
Segundo Beatriz Faria de Leão, a experiência internacional aponta para a necessidade de políticas públicas intersetoriais.
“Às vezes vemos no país que uma fibra óptica chega à escola, mas não está sendo compartilhada com a área de saúde. Precisamos de projetos e políticas públicas intersetoriais, para que possamos cobrir esse vazio de infraestrutura. Entendo que é realmente difícil, num país tão cheio de contrastes como o Brasil”, diz.
A médica destaca que estudos sobre a Comunidade Europeia demonstram os benefícios da interoperabilidade.
“No Brasil, temos uma enorme fragmentação de sistemas de informação”, explica. “Precisamos compartilhar informação clínica, para que a população não precise repetir o mesmo exame três, quatro, cinco vezes. Isso aumenta a segurança, diminui custos e melhora o acesso.”
Para saber mais, assista à entrevista em vídeo com Beatriz de Faria Leão, do Hospital Sírio-Libanês, ao inova.jor TIC