No dia 06 de janeiro comemora-se o dia de Reis, que na tradição cristã foi o dia em que os três reis magos levaram presentes a Jesus Cristo.
Cada um dos reis magos saiu de sua localidade de origem, ao contrário do que pensamos – que viajaram juntos. Baltazar saiu da África, levando para o menino mirra, um presente ofertado aos profetas. A mirra é um arbusto originário desse país, onde é extraída uma resina para preparação de medicamentos. O presente do rei Gaspar, que partiu da Índia, foi o incenso, como alusão à sua divindade. Os incensos são queimados há milhões de anos para aromatizar os ambientes, espantando insetos e energias negativas, além de representar a fé, a espiritualidade. Melchior ou Belchior partiu da Europa, levando ouro ao Messias, rei dos reis. O ouro simbolizava a nobreza e era oferecido apenas aos deuses.
Em homenagem aos reis magos, os católicos realizam a folia de reis, que se inicia em 24 de dezembro, véspera do nascimento de Jesus, indo até o dia 06 de janeiro, dia em que encontraram o menino. A folia de reis é de origem portuguesa e foi trazida para o Brasil por esses povos na época da colonização. Durante os festejos, os grupos saem caminhando pelas ruas das cidades, levando as bênçãos do menino para as pessoas que os recebem. É tradição que as famílias ofereçam comidas aos integrantes do grupo, para que possam levar as bênçãos por todo o trajeto.
Os integrantes do grupo da folia de reis são: mestre, contramestre, donos de conhecimentos sobre a festa, músicos e tocadores, além dos três reis magos e do palhaço, que dá o ar de animação à festa, fazendo a proteção do menino Jesus contra os soldados de Herodes, que queriam matá-lo. Além desses personagens, os foliões dão o toque especial, seguindo o cortejo. Uma tradição bem diferente da nossa acontece na Espanha, onde as crianças deixam sapatos nas janelas, cheios de capim ou ervas, a fim de alimentar os camelos dos Reis Magos. Contam as lendas que em troca, os reis magos deixam doces e guloseimas para as crianças.
Em alguns países fazem a comemoração repartindo o Bolo Rei, que tem uma fava no meio da massa. A pessoa que for contemplada com a fava deve oferecer o bolo no ano seguinte. Na Itália a comemoração recebe o nome de Befana, uma bruxa boa que oferece presentes às crianças. No país não existe a tradição de se presentear no dia 25 de dezembro, mas no dia 06 de janeiro, dia de reis.
reportagem realizada em fevereiro de 2018
*matéria publicada originalmente em O FATO MANDACARU em fevereiro de 2018
Folia de Reis: Família Viana prossegue “Caminhando com Santo Reis” para não deixar a folia morrer em Maringá
A Folia de Reis é uma festa popular de caráter religioso e de tradição cultural que compõe o Folclore Brasileiro. A tradição diz que nos 12 dias sucessivos ao nascimento de Jesus, os grupos de Santo Reis devem percorrer cidades ou bairros fazendo paradas em casas de quem se dispõe a recebê-los. São 12 dias que relembram o trajeto feito pelos 3 Reis Magos: Belchior, Gaspar e Baltazar, que do Oriente foram até Belém e no dia da Festa da Epifania encontraram Jesus.
É dessa passagem bíblica que nasce a festa trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVIII. Em Portugal, a manifestação tinha finalidade de divertir o povo, no Brasil, passou a ter caráter religioso. “Seu Geraldo” – O Presidente: Em Maringá a Folia de Reis só não morreu ainda, porque existem pessoas como Geraldo Gonçalves Filho, Presidente do Grupo Caminhando com Santo Reis que apoiado pela família Viana resiste à indiferença da maioria da população, que muitas vezes não sabe nem mesmo do que se trata. Geraldo tem 65 anos e há mais de 50 é devoto e folião. “Para mim a Folia de Reis é religião, é um rito espiritual, é devoção por Jesus. Apesar de ser muito cansativo, eu nunca pensei em parar. A gratidão das pessoas que nos recebem é o nosso prêmio e estímulo”.
Vovô Viana: “Somos um grupo que reúne cantadores e instrumentistas para celebrar Jesus”, explica Gabriel Arcanjo Viana, embaixador do
GrupoCaminhando com SantoReis. Aos 81 anos, Viana conta que há 50 se tornou devoto e nunca mais abandonou a vida de folião. “Meus pais eram ‘reizeiros’, não eram foliões, mas recebiam a folia em casa, foi ali que nasceu minha paixão. A história que marcou minha vida com a folia de Reis foi quando formei meu primeiro grupo em São Jorge do Ivaí. Eram todos parentes menos o presidente, que mesmo assim era meu compadre.
Depois formei um grupo em Rolândia e lá durou 8 anos e aí, fui cada vez mais tomando gosto pela coisa. Quando cheguei em Maringá, no ano de 1970, o Geraldo Gonçalves me chamou para formar um grupo, foi assim que nasceu o ‘Unidos pela Fé’, e hoje estamos com o quarto grupo, o Caminhando com Santo Reis”.
Gabriel explica que as mudanças são só por questão de organização mas que a paixão é sempre a mesma. “Quando comecei o fervor era maior, o pessoal tinha prazer de receber a Folia de Reis, mais gente participava da festa e hoje, apesar de tudo as pessoas ainda
nos recebem com muitocarinho”.
Papai, Dos Reis Viana: José dos Reis Viana traz até no nome as figuras dos Magos; ele é filho de Gabriel e também começou na folia bem cedo, tanto que nem lembra direito quando, só sabe que era antes dos 7. Aos 50 anos, tem a missão de vestir-se com a máscara de bastião, figura conhecida também como palhaço entre os foliões. José dos Reis não sabe o que é desânimo, ele diz que ser folião de Santo Reis “é viver feliz o ano inteiro”.
“Nós fazemos reuniões do grupo e dessas reuniões todo mundo pode participar, é só chegar e entrar, a casa tá sempre aberta”. As reuniões de organização do grupo acontecem na casa do vovô Viana e quase sempre viram ensaios do grupo, com cantos e orações. “Quem quiser participar e virar um folião pode ligar para a gente, teremos muito prazer de receber
novas pessoas, a folia precisa disso.” Viana, o Filho: “Estamos lutando para não deixar a Folia morrer”.
Jonathan Lúcio Viana, tem só 26 anos, é filho do José dos Reis e neto do Gabriel; há 20 agarrou-se nas pernas do avô e entrou na vida de folião. Hoje ele tem consciência que sua adesão quando menino, se transformou em uma missão de grande responsabilidade: Não deixar a Folia de Reis morrer. “Nós não temos muitos foliões, e os que cantam também são poucos, então é difícil a gente conseguir cantores, músicos, mas a gente tá sempre lutando para trazer as pessoas. Nós queríamos convidar o povo para conhecer a tradição de Santo Reis, queríamos explicar a folia pois nós temos certeza que, quem conhece vê sua própria vida melhorar na fé”.
A folia de Reis foi tão forte na vida do Jonathan que o conduziu ao despertar de um dom, o da música. A coisa foi tão séria que ele acabou ingressando na Faculdade de Música da UEM.
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