No evangelho deste domingo (Mc 6, 7-13), além de Jesus, entram em cena os doze que ele escolheu entre seu grande número de seguidores. Aos que ele chamou, confia-lhes uma missão. Ao chamado corresponde um envio, à vocação, uma missão.
Ninguém vai sozinho, porém. Jesus os envia de dois em dois. Já é um embrião de comunidade. “Vede como eles se amam”, foi a o que chamou a atenção dos pagãos a respeito dos primeiros cristãos e continua sendo a proposta para a vida da Igreja. Hoje, infelizmente, há os que pensam que é melhor fazer tudo sozinho e, por cima, sair mandando para que outros se submetam às suas ordens e caprichos. É o contrário do que Jesus propõe como estilo de vida e trabalho do discípulo-missionário: colocar-se a serviço e quem quiser ser o primeiro, que se faça o último e servidor de todos e todas (Lc 22, 26). Aos que envia Jesus dá sim autoridade, mas não para mandar e se impor sobre as pessoas, mas para pregar a conversão, curar os enfermos, expulsar os espíritos maus, acolher os abatidos, consolar os aflitos, socorrer o pobre, o órfão, a viúva, o migrante. Jesus despacha os doze praticamente de mãos vazias e detalha ainda o que não devem levar: nem pão, nem alforje, nem dinheiro, nem uma segunda túnica. Vão depender da hospitalidade de quem os queira acolher em sua casa, oferecer-lhes um prato de comida e abrigo para passar a noite. A missão se faz com simplicidade e desapego. O evangelista Mateus arremata com rara felicidade no seu discurso missionário o cerne da proposta de Jesus e o seu espírito: “Dai de graça o que de graça recebestes” (Mt 10, 9).