Neste último domingo do ano, celebramos a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Família que começa com a história de uma jovenzinha, Maria, prometida em casamento a José, um carpinteiro de Nazaré e que toma o maior susto de sua vida quando o anjo Gabriel anuncia que vai ter um filho, que será chamado “Filho do Altíssimo” (Lc 1, 26-38). Do outro lado, encontra-se José, decidido a abandonar Maria, para não denunciar a ela, por estar grávida, antes de morarem juntos. Em sonhos, porém, um anjo do Senhor, lhe diz: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria, tua esposa.
O que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mt 1, 18-20). Os dois chegando de fora na cidade de Belém, para se inscreverem no recenseamento ordenado por César Augusto, imperador de Roma, não encontram lugar na hospedaria e Maria dá à luz num estábulo de animais (Lc 2, 1-20). Logo depois, precisam fugir para o Egito, “pois Herodes estava à procura do menino para mata-lo” (Mt 2, 13-15). Herodes na sua fúria, por ter sido enganado pelos magos, manda massacrar todas as crianças de Belém e dos seus arredores (Mt 2, 16-18). Hoje, por igual sentimento de fúria e cega vingança, milhares de crianças e suas mães estão sendo massacradas na faixa de Gaza. No evangelho de hoje (Lc 2, 26-40), terminados os dias da purificação da mãe, José e Maria sobem ao templo de Jerusalém, para apresentarem Jesus e oferecerem o sacrifício prescrito pela lei. Simeão, um ancião da cidade, homem justo e piedoso, toma Jesus nos seus braços e louva a Deus, por seus olhos terem visto a salvação, luz para iluminar as nações. A Maria, sua mãe, diz que o menino será “ocasião de queda e elevação de muitos e sinal de contradição”. Prediz ainda que “uma espada lhe atravessará a alma”. Por sua vez, Ana, avançada em anos e que servia a Deus no templo diariamente, com jejuns e orações, desde sua viuvez, “louvava a Deus e falava do menino a todos que esperavam a libertação de Jerusalém”. Retornando a Nazaré, Maria meditava no seu coração tudo o que ouvira com admiração e “o menino crescia cheio de sabedoria e a graça de Deus estava com ele”. Esta atribulada família de Nazaré moldou a humanidade de Jesus, criado na fé de Abraão, que partiu sem saber para onde ia (Hb 11, 8), na piedade do povo de Israel aprendida em casa com seus pais e na sinagoga de seu povoado. Ali, o filho do carpinteiro José, aprendeu com seu pai, a ganhar o pão de cada dia com o suor do seu rosto. Esta família pode inspirar nossas famílias, na perseverança da fé, na esperança, sem desfalecimento em meio a dificuldades e tribulações e também no sentido do amor e da partilha generosa com os necessitados. Que Jesus, Maria e José nos guiem no novo ano que se inicia com a solenidade da Maternidade de Maria e o Dia Mundial da Paz, um chamado para sejamos promotores de paz (Mt 5, 9), num mundo mergulhado numa insana onda de violência e guerras.