Mateus situa o evangelho de hoje na sequência da multiplicação dos pães, seguida da ordem de Jesus para que os discípulos entrassem na barca e seguissem à sua frente para o outro lado do lago de Genesaret, lago com dezenove quilômetros de cumprimento e treze de largura. Podia-se cruzá-lo em poucas horas, mas não foi o que aconteceu. Enquanto Jesus despede a multidão e sobe ao monte a sós para rezar. (14, 24), os discípulos são pegos numa forte tempestade com ondas altas e vento rijo. O evangelista Marcos diz que por mais que remassem não conseguiam avançar pois o vento era contrário.
O certo é que na quarta vigília da noite, ou seja, de madrugada, já perto do amanhecer ainda estão lutando com a tempestade. Jesus vem até eles, caminhando por sobre a água. Ficam apavorados e gritam de medo, pois creem que é um fantasma. Jesus lhes diz: “Coragem, sou eu. Não tenham medo” (14, 27).i Medo era tudo o que os discípulos sentiam, como muitos de nós, nossas comunidades, e a própria Igreja no mundo de hoje. Deixamos que o medo nos invadisse e paralisasse. Muitos desistimos de enfrentar as adversidades e chegamos a perder a esperança. Pedro, sempre atirado, pede para ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas. Quando sentiu o vento forte, teve medo, começou a afundar e gritou: “Senhor, salva-me” (14, 30). Jesus estendeu a mão e segurou Pedro, como faz conosco hoje, mas o admoesta, numa advertência a ele e a todos nós: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (14 31). Jesus sobe à barca com Pedro e o vento se acalmou.