Para justificar a demissão que estava para anunciar com frases que soaram como verdadeiras metralhadas no Presidente da República, o então ministro da justiça Sérgio Moro começou seu último pronunciamento como ministro percorrendo seus feitos como juiz federal e os temores que sempre teve em relação a interferências do Executivo na atuação do judiciário em seus vários setores e também na Polícia Federal.
“Fui juiz federal por 22 anos e tive muitos casos criminais relevantes, e a partir de 2014 também com a Lava Jato”, disse Moro reiterando que a operação mudou o patamar da corrupção no Brasil.
Falando do governo do PT, Moro disse que, “era um governo que havia cometido crimes gigantescos”, mas que mesmo naquele período, a Polícia Federal não perdeu sua autonomia.
“Sempre tive uma preocupação constante com interferências do Executivo durante a Lava Jato, e isso poderia ter sido feita de várias maneiras, como por exemplo, troca do diretor geral da PF sem que houvesse causa mas cinseguimos manter a autonomia e não houve mudanças“, disse ainda como ministro.
A autonomia do diretor da PF foi ressaltada por Moro ao lembrar que após receber um pedido de soltura do ex-presidente Lula por parte de um juiz que segundo o ex-ministro, não tinha competência para tal ato, Valeixo não executou a ordem até que ficasse claro que aquilo não deveria acontecer. Tais recordações foram suficientes para deixar claro que se o governo Dilma tivesse autonomia sobre a PF, o desfecho poderia ter sido diferente.
A essa altura já estava ficando claro que não se tratava de um blefe e que Moro deixaria mesmo o cargo. Se até aqui, o oitavo ministro a deixar o cargo no governo Bolsonaro tinha usado uma retórica indireta, a partir dai, Moro começou a fazer declarações que incluiam conversas entre ele e o Presidente da República.
AS METRALHADAS QUE PODEM RICOCHETEAR SOBRE MORO
“Bolsonaro me ofereceu carta branca para nomear inclusive na Polícia Federal mas eu nunca pedi essa condição. Eu não indico superintendentes da Policia Federal. A única pessoa que eu indiquei foi o Maurício Valeixo”.
“MAS É MESMO”, TERIA DITO BOLSONARO A MORO
Citando um diálogo com Bolsonaro, Moro disse:
“O presidente passou a insistir na troca do diretor geral da PF. Eu não tenho nenhum problema em susbstitui-lo mas eu preciso de uma causa; uma insufiência de desempenho, um erro grave mas o histórico do Valeixo aponta para um trabalho bem feito”.
Na sequência Moro diz que a substituição sem causa além de ser injusta e de violar a promessa de ter carta branca que Bolsonaro lhe havia feito, ainda provocaria desgaste à imagem do governo e dele mesmo “pois seria uma interferência política“, teria dito Moro. Ao que recebeu do presidente a seguinte resposta:
“Mas é mesmo”, confirmando segundo Moro, que o presidente queria ter um contato pessoal no ministério.
Moro então diz que até poderia substitui-lo e sinalizou com o nome de atual diretor executivo da PF, Disney Rosseti mas que não obteve resposta. Moro termina dizendo que foi surpreendido com a noticia ds exoneração de Valeixo no Diário Oficial e que ele, não havia assinado o documento.
Na exoneração há a citação que a saída do atual diretor atendia um pedido do proprio Valeixo.
Moro então diz pouco antes de se demitir:
“Valeixo jamais sairia voluntariamente da Polícia Federal”.
Moro então anunciou sua demissão, saiu aplaudido e talvez agora terá que demonstrar que tais diálogos aconteceram.
CONSEQUÊNCIAS
Imediatas: A Bolsa de valores despencou, o dólar beira R$ 6
Brevemente: Depende do que dirá Bolsonaro que já disse que desmentirá Moro
fora de foco: Brasil registra 357 mortes na sexta-feira negra de brigas egocentricas. Contagiados passam de 50 mil
XEQUE MATE:
Quem sabe ? Pode ser que Bolsonaro agora indique Disney Rosseti, mas ainda assim não dá para negar que os dejetos fecais já foram lançados contra o ventilador.