A África do Sul apresentou uma queixa no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) contra Israel, que acusa de genocídio na Faixa de Gaza. No primeiro dia de audiências em Haia (Países Baixos), os advogados sul-africanos descreveram o “número excessivo de mortos” palestinianos, fome e destruição.
“Todos os dias, mais de dez crianças palestinianas terão uma ou ambas as pernas amputadas, muitas delas sem anestesia. Todos os dias, ao ritmo atual, uma média de 3900 casas palestinianas serão danificadas ou destruídas. Mais valas comuns serão escavadas, mais cemitérios serão demolidos e bombardeados e os cadáveres serão violentamente destruídos e exumados”, argumentou Blinne ni Ghralaigh, advogada da África do Sul.
Estima-se que já morreram mais de 23 palestinianos, dos quais 70% são mulheres e crianças, nos três meses de operação israelita após o país ter sido atacado pelo Hamas. Pelo menos sete mil pessoas morreram sob os escombros de edifícios e infraestruturas destruídas.
A acusação também mencionou o risco de fome e inanição entre a população de Gaza, devido aos bombardeamentos contínuos e à recusa de Israel em permitir o aumento da entrada de ajuda humanitária.
Medidas provisórias pedidas contra Israel
O processo poderá levar anos, pelo que a África do Sul pede ao TJI que ordene medidas provisórias para obrigar Israel a permitir um maior acesso humanitário aos civis e a pôr termo à sua campanha militar.
O governo israelita vai apresentar a sua defesa na sexta-feira. Lior Haiat, porta-voz da delegação, acusa a África do Sul de defender o terrorismo do Hamas: “O que ouvimos foi um Estado – a África do Sul – a defender uma organização terrorista, que é uma vergonha para esse país”.
“Israel está a exercer o seu direito à autodefesa após o massacre de 7 de outubro e ainda há 136 reféns israelitas detidos pelo Hamas”, disse à euronews.
O facto de Israel se encontrar no TIJ acusado de violar a convenção sobre o genocídio é considerado histórico porqque a convenção foi criada como resposta ao assassinato de seis milhões de judeus durante o Holocausto.
“Mas, tal como a África do Sul argumenta, não houve nenhum caso na história recente que fosse mais importante para a proteção do tribunal ou para o futuro do direito internacional”, conclui a enviada da euronews, Shona Murray.