Com 15 votos favoráveis e com muita polêmica nos debates, a Câmara Municipal de Maringá aprovou em primeira discussão na manhã desta terça-feira (22) durante a 21ª sessão ordinária do ano, as contas do Executivo Ulisses Maia no exercício de 2023. O Tribunal de Contas do Paraná já havia emitido parecer favorável à aprovação das contas da municipalidade e a Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara também já havia analisado os números antes que a matéria fosse a plenário hoje. As ressalvas presentes no parecer do TCPR eram de ordem técnica e não davam indicação de atos ilegais por parte do gestor.
A discussão do Projeto de Decreto Legislativo número 4 de 2025 foi antecedida por um pedido de adiamento por quatro sessões da votação apresentado pelo vereador Odair Fogueteiro (PP), que mesmo não sendo mais o líder do Executivo na Casa de Leis mantém grande influência entre a maioria governista. Os vereadores chegaram a interromper a sessão para debaterem no último momento qual rumo a votação do projeto tomaria, mas no final a votação foi mantida. O pedido de adiamento não passou; 14 dos 22 vereadores mantiveram a votação do projeto para a sessão de hoje.
Entre os mais calorosos defensores da rejeição das contas de Ulisses, estavam os vereadores Cris Lauer (Novo) e William Gentil (PP). Ambos apresentaram críticas à gestão Maia/Scabora e abordaram temas como a falta de serviços em bairros e até mesmo sobre a PPP da iluminação, e que nada tem a ver com as ressalvas presentes no parecer do TC que não fala de desvio de finalidades ou de recursos.
O vereador Sidnei Telles (Podemos) usou a tribuna para rebater as falas de Lauer e Gentil. Ele disse que algumas falas confundem a população. Em contraponto a Lauer, ele afirmou que era favorável à parcerias como a da PPP da iluminação pública, mas que o tema nada tinha a ver com as contas que estavam em discussão. “A análise das contas é uma ação contábil que precisa ser analisada com critério”, disse Telles que deixou claro que a análise precisa se ater aos números e não a opiniões políticas.
A rejeição das contas de 2023 da administração por parte da Câmara poderia culminar futuramente em impedimento de candidatura do ex-prefeito Ulisses Maia. Para rejeitar as contas seriam necessários dois terços dos votos possíveis, e a chamar a razão para a importância de não politizar o tema e seguir o parecer do Tribunal de Contas falaram os vereadores Mário Hossokawa (PP), Flávio Mantovani (PSD) e também Mário Verri (PT).
“O Tribunal de Contas só apresenta um parecer, mas é a Câmara que tem a palavra final. Nós porém temos que olhar com responsabilidade para esse parecer que apesar de conter ressalvas, é favorável à aprovação; isso é algo que já vimos acontecer em outras administrações, por isso gostaria de chamar a atenção dos vereadores e da população da importância do tema que estamos para votar”, disse Mário Hossokawa que acompanhou o parecer do TC e votou favorável à aprovação das contas.
“É importante não politizarmos a questão; esse parecer está na Casa de Leis desde janeiro e nós temos pareceres favoráveis do MP de contas e do Tribunal de Contas do Estado do Paraná dando indicação para a aprovação. Não tenho compromisso de defender o ex-prefeito Ulisses Maia (PSD), mesmo porque será meu adversário político nas próximas eleições, mas não podemos reprovar as contas sem que haja indícios e provas de crimes que não aconteceram”, disse Mantovani que também votou favorável à aprovação.
Quando finalmente a presidência da Casa colocou o projeto em votação, as contas foram aprovadas por ampla maioria encerrando a polêmica. Mesmo diante dos esclarecimentos, os vereadores Cris Lauer (Novo), Giselle Bianchini (PP), Guilherme Machado (PL), Jeremias (PL) Pastor Sandro (UB), Uilian da Farmácia (UB) e William Gentil (PP) votaram contra a aprovação, mas foram votos vencidos. Em 2026, a Câmara deverá ser chamada a aprovar as contas de 2024, e com o chamado, com certeza se apresentaram novas polêmicas que se espera sejam baseadas em FATOs e não em opiniões. Antes, as contas passarão pelo crivo do MP de Contas e TCPR.
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