Argentinos saem à rua contra projeto-lei controverso do Presidente Milei

Milhares de sindicalistas saíram às ruas de Buenos Aires para se manifestarem, após o governo de Javier Milei ter enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei para declarar a emergência económica e financeira na Argentina.

FOTO: REPRODUÇÃO UOL

Milhares de sindicalistas e ativistas saíram às ruas de Buenos Aires na quarta-feira para protestar contra um projeto de lei do governo do novo Presidente argentino, Javier Milei.

Em causa está um decreto para declarar a emergência económica e financeira na Argentina até ao final de 2025.

A iniciativa passa pela delegação de funções no Executivo por força da declaração de “emergência pública em matéria económica, financeira, fiscal, pensões, segurança, defesa, tarifária, energia, saúde, administrativa e social até 31 de dezembro de 2025”, indica o projeto.

O chamado projeto de lei de “bases e pontos de partida para a liberdade dos argentinos” declara emergência pública até 31 de dezembro de 2025, prazo que poderá ser prorrogado pelo Executivo por mais dois anos, ou seja, até o final do mandato de Milei, que assumiu a Presidência em 10 de dezembro.

O Governo alega que o projeto é promovido “com o espírito de restauração da ordem económica e social baseada na doutrina liberal consubstanciada na Constituição Nacional de 1853”.

Milei, cujo partido de extrema-direita La Libertad Avanza tem uma representação minoritária no Parlamento, já tinha assinado na semana passada um decreto sobre a necessidade e urgência da desregulamentação da economia, incluindo a revogação de várias leis, o que gerou protestos e queixas perante a justiça.

O projeto de lei apresentado na quarta-feira inclui, entre outros pontos, uma reforma do regulamento eleitoral, alterações no Código Penal para controlar as manifestações de rua e poderes para o Executivo privatizar empresas públicas.

O projeto de lei propõe também que o Congresso ceda parte do poder legislativo em áreas como impostos, pensões, energia e segurança à presidência até ao final de 2025.

A oposição já se comprometeu em derrubar o decreto e desafiar a ambiciosa agenda política de Milei.

Sindicalistas e ativistas questionam a autoridade do Presidente Milei para aprovar tais medidas por decreto.

“Acho que é muito importante pôr fim a isto, porque mesmo do ponto de vista dos direitos democráticos, temos que discutir o que isto significa. Afinal, não é uma democracia no sentido literal, porque [sob as novas medidas anunciadas pelo governo] não nos podemos expressar, não podemos fazer greve, nem organizar uma assembleia no local de trabalho”, denuncia Alejandro Bodart, líder do Movimento dos Trabalhadores Socialistas. euro news