foto – Marquinhos Oliveira – CMM – arquivo
Nestes já concluídos doze anos de ausência entre nós, gaúcho Brizola,a verdade é que as nossas contradições sociais se aprofundaram.
Sim, a velha cantilena neo liberal de que é preciso crescer o bolo para depois repartir”
continua a pleno vapor, sem o menor sinal de partilha do bolo em qualquer quadrante da pátria.Ao contrário,é alarmante o empobrecimento de nossas maiorias urbanas ou rurais, vítimas do desemprego reinante.Criou- se até uma rima para identificá-los:
Brasil: treze milhões de desempregados e outro tanto de desalentados.
O pão nosso de cada dia está cada vez mais difícil, amigo Brizola. Até chuchus, tomates ou cenouras de repente ostentam preços inacessíveis aos humildes e pequeninos cada vez mais órfãos de quem os governe, sob a alegação de que a lei da oferta e da procura é assim mesmo.
Enquanto isso, 80% de nosso produto interno bruto continua desaparecendo no imenso ralo de uma dívida pública ” impagável”.
Entre nós, a Constituição Cidadã de 1988, voltada principalmente para a valorização dos mais vulneráveis e pobres, está sendo progressiva e implavelmente rasgada aos gritos de intervenção militar já e volta do AI 5.Até um tal de orçamento secreto foi instituído pelo tristemente célebre CENTRÃO do Congresso Nacional.
O capitão presidente afirma de cara limpa que o governo militar do passado jamais cometeu qualquer crime.Certamente, ele não se lembrou de ler o livro BRASIL, NUNCA MAIS, coordenado e prefaciado pelo então Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, dando conta dos banidos, torturados, desaparecidos e assassinados durante o regime de exceção implantado pelo golpe militar de 1964 e que lhe custou o exílio no Uruguai até 1979.
E a nossa PETROBRÁS antes genuinamente brasileira. A ela atrelaram- se acionistas estrangeiros que exigem a comercialização do barril pela cotação internacional determinada pelo dólar, elevando o preço da gasolina a valores altíssimos que implicam em descontrolada inflação.
Lembra- se daquela moda de congelar salários ou de no máximo praticar reajustes salariais muito abaixo dos índices da inflação?
Essa moda de arrochar salários dos trabalhadores voltou com força total. Pequenas e médias empresas brasileiras estão cada vez mais escanteadas pelo capital internacional que circula livremente no país, comprando quantidades imensas de nossa terra ou mesmo lotando navios com minério de ferro, manganês, cobre, níquel, ouro, bauxita e cassiterita da Serra de Carajás no sudeste do Pará. O depósito de ferro, anteriormente povoado por índios karajá, avá-canoeiro e kaiapó é na realidade uma Cordilheira que abrange 18 bilhões de toneladas de minério lavrável com denominações bem ao gosto do povo brasileiro, tais como Projeto Igarapé , Carajás ou Onça Puma.
O Pará é hoje o maior Estado minerador do país, mas continua pobre. Não é um paradoxo?
Quantas vezes, Leonel Brizola, você destacou a importância do desenvolvimento ambientalmente
sustentável, a necessidade de sermos capazes de indignação ante as nossas perdas internacionais, mesmo porque elas tinham tudo a ver com a humilhação de nossa gente desprotegida, dos moradores de rua e demais excluídos, entre eles os negros, os indígenas e as mulheres.
Ao contrário disso tudo,jangadas imensas com carregamentos imensos de madeira navegam por rios da Amazônia, negros continuam sendo vítimas de discriminação, meninas e mulheres indígenas têm sido estupradas, de modo especial entre as sobreviventes yanomami, em troca de comida.
De nossa parte, líder Brizola, fiéis aos seus ensinamentos, faremos tudo por desbancar do Palácio do Planalto o atual inquilino de plantão, que irresponsavelmente tem estrangulado os nossos anseios por um país democrático e soberano e, como você lembrava em seus comícios, com o direito de propriedade assegurado não somente para alguns, mas para todos os brasileiros.
POR UMA PÁTRIA SEM EXCLUÍDOS. AVANTE, BRASIL!