Sou o primeiro bispo de Maringá que não conheceu pessoalmente Dom Jaime Luiz Coelho. Falecido em 2013, aos 97 anos, eu já era bispo há oito anos quando da sua morte, e devido as circunstâncias pastorais de nosso imenso Brasil não foi possível que nos conhecêssemos presencialmente. Contudo, os desígnios de Deus são imperscrutáveis que, mesmo na nossa debilidade, sua providência nos colocou na sucessão episcopal deste incansável pastor na Igreja de Maringá.
Desde que cheguei nesta Arquidiocese, em 2020, ressoa aos meus ouvidos a herança pastoral e o legado de um bispo que não apenas foi o seu pastor espiritual, mas alguém que soube conciliar sua vocação religiosa à demanda política na construção desta cidade que tanto nos orgulha na condição de seus munícipes. Em todas as categorias sociais e instituições públicas têm a participação de Dom Jaime, se não como seu idealizador, ao menos como apoiador e entusiasta. Isto porque, a história da Arquidiocese de Maringá se confunde com a história da cidade de Maringá, creditando à Igreja, esta instituição de primeira grandeza, a formação e consolidação da civilidade pública e defensora do progresso e do desenvolvimento político-econômico-cultural local.
A liderança política de Dom Jaime desbravou não somente a Igreja Católica nestas terras poeirentas – como ele mesmo dizia – mas igualmente favoreceu o porvir de uma cidade que nascera para a sua prosperidade. A Igreja Católica de Maringá com sua expressão religiosa e credibilidade junto ao povo maringaense, incontestavelmente, sob a liderança de Dom Jaime Luiz Coelho, colaborou na pujança desta cidade. A Dom Jaime nossas palmas e gratidão!
É papel da Igreja colaborar na construção de uma sociedade para todos, no qual todas as classes sociais tenham direito à cidade e ao bem-estar social. A Igreja, no seu processo de evangelização, leva consigo a mensagem do Evangelho, na qual se potencializa para além da experiência religiosa, pois a força da fé é capaz de construir cultura e ilustração, perfazendo aquilo que chamamos de “promotora da civilização”. Portanto, Dom Jaime soube exercer com requinte esta vocação eclesial, que na sua condição de bispo diocesano liderou diversas iniciativas fundamentais para Maringá se transformar no que é hoje, basta se lembrar da fundação da UEM, da TV Cultura, da Cocamar, da Catedral como símbolo arrojado em forma de cone, da importância das paróquias no desenvolvimento de nossos bairros etc. Não tenho dúvidas que Dom Jaime liderou a Igreja de Maringá e participou da sociedade organizada dispondo a Arquidiocese na colaboração e edificação das instituições e do povo maringaense.
Vejo necessário o Poder Público Municipal honrar com a devida homenagem estes que nos precederam na construção de nossa cidade. É necessário marcar no panteão dos pioneiros o nome de Dom Jaime Luiz Coelho, fazendo luz para as gerações seguintes tomarem conhecimento deste líder religioso de grande envergadura para Maringá. É muito oportuno que neste ano de 2023 – ao completar dez anos de sua morte – a memória de Dom Jaime seja eternizada com algum logradouro do centro da cidade. Ainda falta a Maringá uma avenida denominada Dom Jaime Luiz Coelho. Nome este que é sinônimo de fé, progresso e desenvolvimento.
Dom Frei Severino Clasen, OFM
Arcebispo de Maringá