ARTIGO: Aos nascidos depois do Golpe Militar de 1964

Por Tadeu Bento França - Parlamentar Constituinte - "Ditadura Militar Nunca Mais"

ARTIGO: Aos nascidos depois do Golpe Militar de 1964

Policiais perseguem estudante no dia que ficou conhecido como "sexta-feira sangrenta", no Rio de Janeiro.

Quando vejo inocentes pedindo a volta das forças armadas ao poder, noto que a nova geração não sabe o que de fato foi a ditadura militar. Para começar, cassaram os direitos políticos de Juscelino Kubitschek, maior liderança nacional capaz de fazer sombra aos generais sem – voto.

Comandados pelo SNI( serviço nacional de investigações), espiões improvisados viviam à caça de opositores ao regime com amplos poderes para assassinar, invadir domicílios ou promover torturas e desaparecimentos sob a omissão e o silêncio covarde do poder central.

Os presidentes preferiam atividades mais limpas, tais como censurar a imprensa, promover exílios ou cassar mandatos de líderes populares.

Os jovens de hoje não sabem, mas o jornalista Wladimir Herzog e o metalúrgico Manoel Fiel Filho foram assassinados no cárcere.

 

O DOI CODI era a central do terror. Mesmo a representação popular conferida pelo mandato parlamentar não era segurança a ninguém. O ex- deputado Rubens Paiva foi um dos desaparecidos . Durante a Assembleia Nacional Constituinte, a esposa ou viúva dele, acompanhada de familiares perguntava aos constituintes se não sabiam do paradeiro do marido e pai dos filhos dela.

No norte do Paraná, os pais da família Reis de Oliveira jamais souberam do paradeiro do filho estudante, José dos Três Reis, aprisionado durante um congresso estudantil em Ibiúna. É que na doutrina de segurança nacional, além de cidadãos sem garantia ou fechamento do Congresso Nacional e da instituição da DEOPS ( Delegacia de Ordem Política e Social), verdadeiro corredor ou esquadrão da morte, constava também a proibição de congressos acadêmicos.

 

Hoje, os caminhoneiros têm extraordinário poder de fogo. Não só transportam os alimentos de que precisamos, mas também gritam por intervenção militar e volta do AI 05. Ao vê- los no passado como importante massa de manobra, o então general presidente Ernesto Geisel, determinou o fechamento das estações ferroviárias e golpeou o transporte de pessoas e de bens pelos trilhos, muito mais econômicos e seguros que o trnsporte rodoviário.

O país isolou- se em termos de ferrovias, enquanto os países desenvolvidos investiam o máximo que podiam nos mais modernos trens- de-ferro.

Economia? O modelo era o concentrador de rendas e o achatamento de salários com a intensificação da fome, favelas, moradores de rua, indiferença ante as enfermidades e concessão de nossas terras a grupos estrangeiros. Somente o norte- americano Daniel Ludwig tornou- se proprietário de uma área na Amazônia maior que a Bélgica.

Filhas e filhos, forças armadas de volta ao poder ? Nunca mais.