ARTIGO: Maringá começou com Scherer ou Lovat ?

Por Tadeu Bento França - Deputado Federal Constituinte entre 1988 a 1991.

PADRE SCHERER - foto - Maringá Histórica

Na condição de diplomata da Igreja Católica, o padre Emílio Clement Scherer chegou a ser recebido em audiência pelo poderoso Fuehrer do Terceiro Reich: Adolfo Hitler.
Mais tarde, alvo de hostilidades pelo nazismo, ele foi perseguido e preso, situação que o motivou a viver no Brasil ainda antes da eclosão da segunda guerra mundial.

IGREJA SÃO BONIFÁCIO – Primeiro templo de Maringá – foto – arquivo MARINGÁ HISTÓRICA

Em busca de tranquilidade para o exercício do ministério sacerdotal, desde 1938 Scherer já se encontrava no Brasil e optou por se radicar junto à importante comunidade dos iniciais desbravadores motivados pela substituição da mata pela cultura, principalmente a do café. Foi quando o religioso coordenou as atividades de construção da primeira igreja no lugar em que atualmente se localiza o bairro Cidade Alta de Maringá.

Inaugurada no ano de 1939, a igreja recebeu a denominação de SÃO BONIFÁCIO. Não somente nela eram celebradas missas, como também se consolidou a prática habitual da celebração em altares improvisados à frente da porta principal das humildes moradias dos primeiros desbradores da cidade que haveria de surgir, chegando a congregar centenas de moradores.

Fica, portanto, a indagação:por que jamais a atual paróquia SÃO BONIFÁCIO jamais foi reconhecida como sendo de fato a primeira igreja de Maringá e nem o padre Emílio Clement Scherer, como o primeiro padre e pisar e a viver em Maringá?

A verdade é que a origem do história maringaense a partir de 10/05/1947 representa no máximo uma iniciativa promocional de vendas de lotes urbanos e rurais pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, tendo como ponto de partida as modernas instalações por ela inauguradas.

Com todo respeito à memória do representante escocês da “Parana Plantations”, Lord Lovat, existe um interstício de oito anos entre o início de fato da história de Maringá em 1939 e a promoção comercial de 1947.

As novas gerações maringaenses têm o direito de conhecer integralmente as origens concretas da cidade em que nasceram, independentemente de injustos silêncios históricos impostos injustamente em nome de proximidade ou não das principais ideologias do século XX: nazismo, fascismo ou comunismo.