Velas serão acesas para atestar que dois mais dois são quatro. Acredito que a frase premonitória, de um mundo cheio de contradições, define bem a trajetória do Coronel Rodrigues pela Terra.Era um idealista e enxergava o óbvio que poucos veem. Foi diretor da PEM por 12 anos. “Cabeça vazia, oficina do diabo”. Na sua gestão, isso não existia e não houve rebeliões ou fugas.
Para ele, o preso tinha que se manter ocupado para se sentir cidadão. Criou projetos práticos para que todos trabalhassem. E diminuíssem suas penas (“Projeto Visão de Liberdade” recebeu o Prêmio Innovare).
Minha leitura é que a vida, para ele, era uma linha reta. Baseada na ética, na moral, na honestidade e no trabalho.
Como voluntário ou presidente do Conselho de Segurança, lutou para que as polícias tivessem mais material humano, estrutura e tecnologia para desenvolver seu trabalho. A falta de atendimento às reivindicações indignava a alma objetiva, simples e até certo ponto ingênua de Rodrigues.
Indignado, esquecia a serenidade peculiar do seu dia a dia. Suas veias saltavam. E ele disparava críticas contra os governos. Contra a hipocrisia de determinados políticos de plantão.
Era real sua irritação. Não jogava para a mídia, como muitos. Sofria, verdadeiramente, por aquilo que considerava imoral. Destemido, não tinha medo das autoridades. De tão justas suas reivindicações, não era confrontado por elas.
Principalmente em um mundo que vive a linha tênue, entre realidade e fantasia, a figura unânime e as ações práticas do Coronel Rodrigues farão muita falta.
(*HERETICS, Gilbert Keith Chesterton, 1905)
(Em 2019 produzi o vídeo sobre a história do Coronel Rodrigues. Ele receberia a comenda Américo Marques Dias. Merecida. Foi quando o conheci melhor. Falo dele depois que tirou a farda. Antes, não o conheci)