Após estreia e temporada com salas lotadas na cidade, a montagem “Bora!”, do Ballet de Londrina, inicia turnê pelo país. A primeira etapa da circulação será em municípios das várias regionais do Estado. Serão duas sessões com entrada gratuita em cada um deles, com apoio exclusivo da Copel em projeto aprovado pelo Programa de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), da Secretaria de Estado da Cultura e Governo do Estado do Paraná. Até o momento, estão confirmadas apresentações em Loanda, Rio Negro, Jandaia do Sul, Astorga, Matinhos, Quedas do Iguaçu, Medianeira e Santo Antônio da Platina. Loanda (a cerca de 240 km de Londrina) é a primeira a receber a companhia, que, nesta sexta, dia 19 de maio, ocupa o palco do Cine Teatro Mario Matarezi em dois horários: às 15 e às 20 horas.
Uma novidade da temporada é a matinê voltada a grupos de estudantes de dança e artes da cena, além de alunos da educação básica, com o objetivo de contribuir com a formação de público. A estes espectadores, a produção preparou um programa impresso e virtual (acessado por QR Code) com textos explicativos sobre significados do espetáculo e a história do Ballet de Londrina, que completa 30 anos em dezembro próximo, trazendo no currículo 34 montagens, turnês pela América Latina, Europa e África, e o título de uma das companhias estáveis mais longevas do interior do país.
“A receptividade do público ao novo espetáculo do Ballet tem sido muito grande, porque ele gera identificação nas pessoas. É possível reconhecer ali muitas cenas do nosso cotidiano, que está dividido entre o real e o virtual. É um espetáculo jovem, com movimentos que lembram a dança urbana, muito em voga na rede social, com luzes de led e música eletrônica. Vai ser uma grande alegria passar por estas cidades paranaenses e convidar mais gente a entrar na dança – ‘Bora!’ é um convite”, destaca Marciano Boletti.
O atual elenco do Ballet de Londrina é formado pelos dançarinos Alessandra Menegazzo, Ariela Pauli, Higor Vargas, Ione Queiroz, José Villaça, Matheus Nemoto, Nayara Stanganelli, Peter Levi, Viviane Terrenta e Wesley Silva. A realização é da Funcart – Fundação Cultura Artística de Londrina, mantenedora da companhia, e da Prefeitura Municipal de Londrina/Secretaria Municipal da Cultura, com a qual tem convênio. O apoio cultural de “Bora!” é do Festival de Dança de Londrina e da marca Vivit – Vista e Dance.
SOBRE O ESPETÁCULO
“Bora!” é um divisor de águas nesta trajetória, porque, a partir da peça estreada em 2022, o Ballet passa a receber como coreógrafos importantes nomes da dança contemporânea brasileira para trabalhar em projetos especiais, sob direção e ensaio de Marciano Boletti, bailarino do primeiro elenco, e direção de produção de Danieli Pereira. Henrique Rodovalho, de Goiânia-GO, incensado diretor artístico da Quasar Cia de Dança, foi o primeiro convidado. Além desta, ele prepara nova coreografia que estreará em breve e que se completa com a primeira como um programa com sua assinatura de movimento.
“Bora!” é animado por música eletrônica e parece nos arrastar por uma sequência de fotografias cinéticas que revelam com ironia e irreverência a fragilidade das relações humanas no século XXI, entre o desejo de pertencimento e a necessidade de manter a individualidade. Assim, na coreografia, é possível identificar o “efeito manada” das redes sociais, que, ao mesmo tempo que garantem o sentimento de integração com grupos de pensamento parecido, é o ambiente da solidão, dos cancelamentos, das bolhas e dos haters. A interjeição que dá título à obra é um chamado jovem e alegre para avançar, para ir adiante. Entretanto, este progresso precisa ser uma ação consciente, já que a pós-modernidade é tempo do fim das utopias e das relações líquidas.
O cenário, assinado por Rodovalho e por Renato Forin Jr., é composto por estruturas de led que evocam um vazio branco reflexivo. Ele remete à imensidão do espaço virtual, como se os dez bailarinos dançassem sobre uma grande tela eletrônica, banhada de luz fria. Já os figurinos de Cássio Brasil trazem cores quentes, entre o ocre e o alaranjado, que apelam para a sedução do calor humano, e cortes ligados à urbanidade. Como são típicos da linguagem do diretor goiano, os movimentos exploram curvas sinuosas do corpo, destacam quadris e braços, jogam com contrastes de velocidade e trabalham a interpretação sarcástica do semblante do elenco.