Pelo menos uma criança entre 6 meses e 5 anos morre por dia de Covid-19 no Brasil, dado refletido nas 314 mortes notificadas nesta faixa etária entre os dias 1/1/22 e 11/12/22, segundo levantamento do Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quarta (14).
Os dados são os mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e compreendem óbitos em que a Covid-19 foi a causa básica e aqueles em que a doença foi registrada como uma das causas associadas.
Em 13/7, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, em crianças de 3 e 4 anos. Dois meses depois, em 16 de setembro, a Pfizer pediátrica foi aprovada pela agência para uso emergencial em bebês e crianças de 6 meses a 4 anos.
Apesar das aprovações, a vacinação de crianças contra a Covid-19 se mantém em ritmo lento no Brasil, com apenas 7 a cada 100 crianças de 3 a 4 anos tendo recebido as duas doses da vacina, segundo dados do Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde analisados pelo Observa Infância em 28/11.
Do total de 5,9 milhões de crianças nessa faixa etária, somente 1.083.958 tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid-19, e 403.858 completaram a imunização com a segunda dose.
Crianças não vacinadas correm mais risco
O levantamento anterior do Observa Infância havia mostrado que a Covid-19 matava ao menos duas crianças menores de 5 anos por dia no Brasil. Entre 2020 e 2021, 1.439 meninas e meninos nessa faixa etária morreram pela doença no país, com a maior concentração dos óbitos no Nordeste. Na data dos dados computados, a vacinação contra Covid-19 não estava autorizada a este público no país.
Em entrevista ao Portal do Butantan, o infectologista da Fiocruz e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SMT), Julio Croda, disse que as crianças não vacinadas são mais vulneráveis à Covid-19.
“Comparado a outros países, o impacto da Covid-19 no Brasil foi enorme nessa faixa etária. É muito importante a mobilização para que haja mais vacinas disponíveis para esse público, pois estão em falta. Não é justo que as crianças fiquem sem acesso às vacinas”, enfatizou Croda. Butantan