“Há dois anos, uma em cada cinco unidades de energia consumida na União Europeia provinha de combustíveis fósseis russos. Hoje, é uma em cada vinte”, disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na terça-feira, durante uma sessão para comemorar o 50º aniversário da Agência Internacional de Energia (AIE).
“Obtivemos mais energia proveniente de fontes renováveis na União Europeia do que da Rússia. E no ano passado, pela primeira vez, produzimos mais eletricidade a partir do vento e do sol do que a partir do gás. Portanto, a tentativa de Putin de chantagear a nossa União falhou completamente. Pelo contrário, ele realmente impulsionou a transição ecológica”, acrescentou a presidente.
Antes de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, desencadear a invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a UE era altamente dependente da importação de combustíveis fósseis russos, especialmente gás, que recebia a um preço baixo através de uma extensa rede de gasodutos.
Mas a guerra forçou os Estados-membros da União a cortar drasticamente os combustíveis russos do sistema energético, através de uma combinação de sanções (ao petróleo e ao carvão) e iniciativas nacionais (no gás) destinadas a privar o Kremlin de uma importante fonte de receitas.
Von der Leyen observou que, apesar dos esforços feitos na sequência da crise energética de 2022, o ritmo global da transição para um sistema ambientalmente mais sustentável é “ainda muito lento” e instou os governos a aumentar a capacidade de produção de energia renovável, mobilizando quantidades “massivas” de investimento e a trabalhando em conjunto para garantir acesso a matérias-primas e promover a inovação.
“A velha economia dos combustíveis fósseis tem tudo a ver com dependências. A nova economia de energia limpa tem tudo a ver com interdependências”, disse Ursula von der Leyen.
Ainda chega muito gás russo à UE
De acordo com os últimos números fornecidos pela Comissão Europeia, a taxa de dependência da UE do gás russo caiu de 45% em 2021 para 15% em 2023.
O facto de alguns países europeus continuarem a comprar gás russo, quer através de gasodutos na Europa Central, quer através de terminais de GNL em França, Bélgica e Espanha, tem causado atritos persistentes entre os Estados-membros.
Alguns países querem que o bloco adopte uma proibição de importação juridicamente vinculativa, uma vez que tal foi feito ao nível do petróleo e do carvão russos.
Na segunda-feira, o governo austríaco admitiu que a taxa de dependência do país do gás russo aumentou: de 76% em novembro para 98% em dezembro de 2023, o valor mais elevado desde o início da invasão.
A ministra da Energia austríaca, Leonore Gewessler, atribuiu a situação a um contrato assinado entre a OMV, a principal empresa de energia da Áustria, e a Gazprom, o monopólio estatal da Rússia, que vigora até 2040.
“O mercado e as empresas de energia que dele fazem parte não estão a cumprir a sua responsabilidade de reduzir suficientemente a dependência do gás russo. A diversificação das nossas importações de gás está a avançar muito lentamente”, disse Gewessler. euronews