Nesta sexta-feira, o alto comissário dos direitos humanos, Volker Turk, disse que o norte de Gaza está vivendo o momento mais sombrio do conflito.
Em comunicado, divulgado em Genebra, ele citou ações do Exército israelense como bombardeios e cercos que obrigam as pessoas a optar por deslocamento em massa ou ficarem no meio do fogo cruzado.
Líderes mundiais
Turk disse que os líderes internacionais devem colocar em ação a premissa de que os “Estados têm o dever, sob as Convenções de Genebra, de garantir o respeito ao direito internacional humanitário”.
Para o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, a evacuação está em ritmo lento a uma taxa de menos de uma criança por dia. No caso, levaria mais de sete anos para evacuar 2,5 mil delas precisando de cuidados médicos urgentes.
A agência destaca que a morte de crianças em Gaza não é apenas por causa das bombas, balas e granadas que as atingem. Mesmo quando “milagres acontecem” e estas sobrevivem, quando as bombas explodem e as casas desabam, estas são impedidas de deixar a área para receber os cuidados urgentes.
Entre 1º de janeiro e 7 de maio, apenas 296 crianças foram evacuadas por mês. Desde o fechamento da passagem de Rafah, devido à ofensiva terrestre, iniciada em 7 de maio, o número de evacuações desceu para 22 por mês.
Volker Turk citou ações do Exército israelense como bombardeios e cercos que obrigam as pessoas a optar por deslocamento em massa ou ficarem no meio do fogo cruzado
Crianças foram autorizadas a sair de Gaza
No total 127 crianças foram autorizadas a sair. Muitas sofrendo de traumatismo craniano, amputações, queimaduras, câncer e desnutrição.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, diz haver grandes dificuldades para “obter até mesmo um pedaço de pão” em Deir al-Balah. Todos os residentes na Faixa de Gaza “enfrentam risco de fome devido aos bombardeios contínuos, à violência crescente, às terras agrícolas severamente danificadas e à falta de acesso humanitário”.
Em nota separada, vários especialistas da ONU” se disseram alarmados com as “condições angustiantes” dos palestinos com deficiência, que permanecem sem poder sair de Gaza.
Em nota publicada, os especialistas em direitos humanos dizem que um ano após o ataque militar de Israel em Gaza os riscos de proteção são insuportáveis. Eles listam “mortes e ferimentos em meio a “ataques indiscriminados das forças israelenses que destruíram infraestrutura crítica, e afastam a possibilidade de ajuda humanitária”.
Tragédia dentro de uma tragédia
O grupo caracteriza “uma tragédia dentro de outra tragédia acontecendo em Gaza, onde a campanha de Israel deixou pessoas com deficiência completamente desprotegidas.”
Os especialistas independentes destacam que essas pessoas “estão sendo mortas e feridas por ataques a esmo, apesar de não representarem nenhuma ameaça à segurança, representando o ataque deliberado a civis por Israel.”
Ainda em meio aos confrontos em Gaza, várias agências da ONU chegaram ao hospital Kamal Adwan. A Organização Mundial da Saúde, OMS, transferiu 23 pacientes e 26 cuidadores para o hospital Al-Shifa com o apoio de parceiros.
Na Cisjordânia, o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, alertou que dezenas de comunidades estão enfrentando um aumento nos ataques e restrições de acesso às suas terras durante a colheita de azeitonas deste ano.
Do total de incidentes relacionados aos ocupantes de assentamentos neste ano houve 104 que levaram a vítimas ou a danos materiais desde o início de outubro. onu news