A NATO acredita que a China está diretamente a possibilitar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, afirmou o vice-secretário-geral da NATO, Mircea Geoană.
Numa entrevista exclusiva à Euronews, durante a cimeira da NATO, em Washingon, Mircea Geoană alertou que “a China é um parceiro da Rússia” e que “há um padrão de agressividade que está basicamente a alimentar a guerra da Rússia na Ucrânia”. “Isso significa que a China é uma ameaça à nossa segurança”, reiterou.
O aviso vem na sequência dos aliados da NATO terem elaborado um comunicado acusando a China de ser um “facilitador” – deixando claro que Pequim se tornou o foco da aliança militar.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acusou a China de fornecer à Rússia equipamento e tecnologia, permitindo que o Kremlin construísse um arsenal militar contra a Ucrânia.
Pequim refutou as alegações dizendo que não presta assistência militar a Moscou, seu parceiro comercial, num comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A China alegou que as transações comerciais com a Rússia eram legítimas e baseadas em regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio.
Segundo Geoană, a linguagem adotada pelos membros da NATO no comunicado era “mais clara, mas também cuidadosa”.
“Não estamos a declarar que a China é nossa inimiga. Não é. Mas é um sério desafio à segurança europeia. E isso é um fato”, acrescentou. “Essa parceria sem limites entre a Rússia e a China está a aprofundar-se e a tornar-se mais complexa.”
O comércio da China com a Rússia só cresceu desde a invasão em grande escala da Rússia à Ucrânia em fevereiro de 2022, compensando alguns dos efeitos das intensas sanções económicas ocidentais.
Geoană também nomeou o Irão, a Coreia do Norte e a Bielorrússia como outros facilitadores da guerra de Moscou contra a Ucrânia.
Quando questionado sobre a guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, Geoană lembrou que a NATO “não está envolvida” no conflito, apesar de reconhecer que os seus aliados estavam de várias formas.
O responsável sublinhou que é importante acabar com as hostilidades no conflito e evitar a escalada da guerra no Médio Oriente.
Os líderes mundiais foram rápidos em reafirmar o compromisso com a Ucrânia durante a cimeira, prometendo apoio aos militares da Ucrânia, incluindo sistemas de defesa aérea cruciais para que a Ucrânia evite os avanços de Moscou.
No entanto, os aliados não deixaram a Ucrânia entrar na aliança – pelo menos até que a guerra no território termine, apesar de reconhecerem que a Ucrânia está num caminho “irreversível” para a adesão. euronews