De Jesus, tiram-lhe tudo, menos a capacidade de amar e ser livre, por Leomar Montagna

"Reflexão: Liturgia do IV Domingo do Tempo Comum, Ano A – 29/01/2023"

Na Liturgia deste Domingo, IV do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Sf 2,3; 3,12-13), que o profeta Sofonias nos convida a colocar a confiança no Senhor. Na época, os pobres se tornaram a confiança de uma sociedade nova, baseada na fidelidade a Deus, único e absoluto. Neste texto, os pobres recebem um significado diferente, pois eram oprimidos e explorados por uma estrutura baseada na idolatria do dinheiro, eles são exemplos de conversão para a classe dirigente. O ideal de pobreza, de que fala Sofonias, não é a miséria material, mas a abertura para o projeto de Deus que traz vida e liberdade para o ser humano. Hoje somos, também, um pequeno ‘resto’ e confiamos que a única possibilidade de salvação vem do senhor. Nos reunimos com este objetivo: buscar o senhor e nos moldar conforme sua palavra. Hoje constatamos muitos pobres materiais devido a poucos pobres em espírito.

Na 2ª Leitura (1 Cor 1, 26-31), o apóstolo Paulo nos apresenta um retrato da Comunidade de Corinto, ele nos diz que o mundo valoriza os que têm ‘status’, que são ricos, os que têm beleza física, boa expressão intelectual e despreza os que não se encaixam nesses padrões. Deus, porém, subverte a sociedade e os projetos humanos, Ele se alia aos pobres, fracos e simples, porque estes não são autossuficientes e se abrem para a graça. No caminho para Deus, o que conta não são os nossos méritos, mas sim a sua graça: “Se o Senhor não constrói a casa, em vão labutam os seus construtores. Se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigiam os guardas” (Sl 126, 1).

No Evangelho (Mt 5, 1-12a), Jesus, ‘Novo Moisés’, apresenta o Programa do Reino de Deus, a ‘Nova Lei’. Jesus está diante de muitas pessoas, então, primeiro, Ele constata a realidade: Quem são? Com quem Ele está falando? Com os pobres, aflitos, mansos, com os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, puros de coração, promovem a paz etc.

Em segundo lugar, Jesus conhece as dificuldades deles: perseguidos, injuriados, excluídos etc. Aqui, poderíamos observar, na mensagem, e ver de quem Jesus está falando? Ele havia dito: “A boca fala do que o coração está cheio”, então, Ele está falando Dele mesmo, certamente, de Maria, dos Santos, das famílias, das Instituições, enfim, de cada um de nós que nos identificamos com os que mais necessitam de nossa solidariedade. De Jesus, tiram-lhe tudo, menos a capacidade de amar e ser livre.

 

Em terceiro lugar, Jesus os proclama “Felizes”, herdeiros do Reino de Deus.

“As bem-aventuranças são anúncios de felicidade, mas principalmente convocam para o não-conformismo e para a ação segundo os valores do Reino. A existência de pobres e aflitos é a mostra de que é preciso ter fome e sede de justiça de Deus. Os pobres que não se conformam com a situação em que se encontram e aceitam a convocação de Jesus são os ‘pobres no Espírito’, sintonizados com o que o Espírito de Deus lhes inspira. Por outro lado, a prática da misericórdia, a luta pela verdadeira paz da fraternidade, mostram a justiça de Deus sendo assumida por quem escuta o desafio apresentado por Jesus. Esse caminho de vida, porém, traz como consequência a perseguição, produzida por aqueles que desejam as coisas continuando como estão” (Nova Bíblia Pastoral, p. 1190).

 

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

Pe. Leomar Antonio Montagna

Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR

Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR