Dengue: Brasil registra mais de 243 mil casos prováveis da doença

Segundo o Ministério da Saúde, os estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro — e o Distrito Federal — registram os maiores números de casos

foto: SESA

O Brasil registrou em janeiro 243.721 casos prováveis de dengue, segundo o Painel de Monitoramento de Casos de Arboviroses do Ministério da Saúde, atualizado na última quarta-feira (31). O número é 273% maior do que o registrado durante o mesmo período em 2023 (65.366 casos). Ainda segundo a pasta, foram notificados 24 mortes pela doença no período e 163 mortes estão sob investigação.

A alta de casos preocupa principalmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste ,que possuem os maiores índices de casos prováveis da doença com 149 mil casos e 48.522, respectivamente. Em seguida, aparecem as regiões Sul (38.109), Norte (9.024) e Nordeste (5.700 casos).

Os estados que apresentam os maiores número de casos prováveis são: Minas Gerais, (com 86.388), São Paulo, (39.034), Distrito Federal, (31.287), Paraná (30.217) e Rio de Janeiro, (17.773 casos).

Segundo o subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da Secretaria do Rio de Janeiro, Mário Sérgio Ribeiro, os casos no estado começaram a disparar na última semana de janeiro.

“A gente tem observado que o aumento da tendência de aumento permanece, mas o que preocupa mais é a velocidade com que esses casos estão ocorrendo. A gente tem um número de casos muito alto em relação ao ano passado, considerando o mesmo período. Isso mostra que a gente pode estar antecipando a curva. Ao mesmo tempo, isso vai se estender até o período que normalmente a gente observa o pico da doença, que é em março. Considerando os últimos 10 anos, é bem atípico a gente começar essa transmissão nessa velocidade, com essa quantidade de casos logo no mês de janeiro. Normalmente, esse volume de casos ocorre a partir do final de fevereiro e início de março e começa a cair no final de março, início de abril”, diz.

De acordo com o médico infectologista Julival Ribeiro, as altas temperaturas e as mudanças climáticas têm influenciado o aumento de casos de dengue no Brasil.

“O aumento do número de casos de dengue ocorre normalmente durante o verão. Porque além das chuvas, nós temos também altas temperaturas, o que favorece o mosquito da dengue. Além do que, devido às alterações climáticas, o mosquito da dengue está se reproduzindo em menor tempo. Era muito importante também ter feito campanhas educativas para a população, sobretudo dizendo o que pode se tornar criadouros do mosquito da dengue”, diz.

Sinais e Cuidados
De acordo com o infectologista, os sinais mais comuns da dengue são: febre alta, dor no corpo e nas articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A infecção por dengue também pode ser assintomática (sem sintomas) ou apresentar quadros leves.

No entanto, em casos de suspeita de dengue, o especialista aconselha a buscar atendimento médico.

“É importante salientar que algumas pessoas com dengue podem evoluir para a forma mais grave da doença. Alguns dos sintomas e sinais são: dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento, principalmente nariz e gengivas. Portanto, é muito importante que as pessoas, mesmo tendo dengue inicialmente leve, fiquem atentas a alguns sinais que podem indicar gravidade. Uma vez suspeitando de dengue, é muito importante se dirigir a uma unidade de saúde para fazer o diagnóstico e receber todas as orientações”, destaca.

Prevenção
A melhor estratégia para prevenir a dengue é evitar a proliferação do mosquito transmissor, o Aedes aegypti.  O Ministério da Saúde recomenda que medidas simples implementadas na rotina possam ajudar na eliminação do mosquito. São indicadas as seguintes ações: evitar deixar água parada em recipientes ao ar livre (potes, garrafas ou outros recipientes que possam coletar água), cobrir adequadamente os tanques e reservatórios de água para manter os mosquitos afastados e evitar acumular lixo.

Somadas às estratégias de combate e prevenção, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue (Qdenga) no calendário nacional de imunização. A vacina possui em sua composição as quatro variantes do vírus causador da doença, e foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda.

Ao todo, 5,2 milhões de doses da vacina deverão ser entregues ao longo de 2024. A pasta prevê que cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas neste ano. A primeira remessa, com cerca de 757 mil doses, chegou ao Brasil em 20 de janeiro. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro. Os lotes iniciais, no entanto, passam por análise técnica obrigatória no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

No Brasil, a vacinação está prevista para iniciar em fevereiro para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Conforme a pasta, 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal preenchem os requisitos para o início de vacinação.  Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses.

Além da Qdenga, o Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina nacional contra a doença, (Butantan-DV). Segundo o instituto, na última fase de testes o imunizante apresentou uma eficácia de 79,6% entre os vacinados ao longo de um período de dois anos.

A proteção foi observada em todas as faixas etárias, sendo 90% em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% dos 7 aos 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos. A análise de eficácia do imunizante foi feita ao longo de dois anos de acompanhamento de 16.235 voluntários de todo o Brasil, com idades de 2 a 59 anos, em 16 centros de pesquisa. Os estudos iniciaram em 2016.

De acordo com um dos pesquisadores que lideraram o estudo, Esper Kallás, a grande vantagem do imunizante do Butantan é que uma dose foi suficiente para fornecer uma proteção contra a dengue.

“A vacina do Butantan, portanto, tem a capacidade de prevenir contra a dengue. Tem uma eficácia muito boa, como a gente tecnicamente fala. Muito segura, bem tolerada e tem uma grande vantagem: é uma vacina de dose única, você dá uma injeção, consegue conferir uma boa proteção numa faixa etária bastante elástica, de 2 anos até 60 anos incompletos, baseado nos resultados deste estudo”, diz.

Com o resultado positivo, os pesquisadores devem submeter a vacina à aprovação da Anvisa no segundo semestre de 2024.

 

Fonte: Brasil 61