O Conselho de Segurança da ONU realiza nesta quarta-feira um segundo dia de debate em busca de um fim para o conflito em Gaza e para as crescentes tensões no Oriente Médio.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que, além da ameaça de morte, os habitantes de Gaza enfrentam um risco crescente de doenças, num momento em que os serviços de saúde estão em colapso.
Hospitais “superlotados, sitiados e sob fogo”
Já o subsecretário-geral de Ajuda Emergencial e Assistência Humanitária da ONU, Martin Griffiths, disse na terça-feira que “não houve trégua nas atrocidades infligidas em Gaza desde 7 de outubro”, quando começaram os bombardeios israelenses em resposta aos ataques liderados pelo Hamas em Israel. Nesses atos cerca de 1,2 mil pessoas morreram e aproximadamente 250 foram feitas reféns.
Até o momento, mais de 25 mil pessoas foram mortas, “incluindo duas mães por hora”, disse Griffiths, citando dados da autoridade de saúde de Gaza.
De acordo com ele, os hospitais continuam “superlotados, sitiados e sob fogo, as casas foram reduzidas a escombros”.
Na sua última atualização da situação, o Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, disse que a escalada da violência na área de Khan Younis na segunda-feira deixou dezenas de mortos.
Superlotação em Rafah e aumento de doenças
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, relatou um contínuo “deslocamento massivo” para o sul a partir da área de Khan Younis em resposta à intensificação dos combates desde o início da semana.
Segundo a agência, os recém-chegados montaram grandes tendas de plástico ao longo da cerca fronteiriça que separa Rafah, no sul de Gaza, do Egito.
O porta-voz da Unrwa, Adnan Abu Hasna, observou que a cidade de Rafah abriga agora 1,3 milhão de pessoas e é “absolutamente incapaz de lidar” com tal fluxo.
A situação foi testemunhada de perto por dois altos funcionários da ONU na terça-feira: A coordenadora sênior Humanitária e de Reconstrução para Gaza, Sigrid Kaag, e o coordenador Humanitário interino para o Território Palestino Ocupado, Jamie McGoldrick.
Doenças como a meningite e a hepatite C estão se propagando e o número de pessoas com agravos intestinais e de pele duplicou, o que ameaça levar os serviços de saúde ao limite.
O porta-voz da Unrwa afirmou que “não há absolutamente nenhum lugar seguro” e alertou que a superlotação na cidade de Rafah pode gerar uma situação “explosiva”.
Educação paralisada
A agência informou que todas as suas escolas em Gaza permanecem fechadas e a maioria delas abriga palestinos deslocados, mais de 1,2 milhões, no total.
Pelo menos 340 pessoas deslocadas internamente foram mortas enquanto procuravam segurança em abrigos da Unrwa.
Três em cada quatro edifícios escolares em toda a Faixa sofreram danos, juntamente com muitas instituições de ensino superior.
A agência da ONU enfatizou, neste Dia Internacional da Educação, que os ataques a instalações educacionais e instalações da ONU “violam o direito humanitário internacional”.
Desde o início da guerra, mais de 625 mil estudantes e 22.564 professores no enclave “foram privados de educação e de um local seguro durante mais de três meses”.
Na Cisjordânia, a “escalada da violência” também perturbou o acesso às aulas, segundo a Unrwa.
ONU NEWS