Na foto – O Jornalista Edilson Pereira com Jairo, célebre goleiro do Coritiba, Corinthians e Seleção Brasileira
“Publiquei foto minha com ele mo Face. Já morreu. Foi pro céu. Porque o inferno é embaixo das traves”.
Hoje, 26 de abril, é Dia do Goleiro. Este herói. Porque quando acerta, não fez mais que obrigação. E quando erra o mundo cai em cima de sua cabeça. O cara não dorme três noites. Barbosa, goleiro de 1950, grande goleiro, virou pária porque o Brasil perdeu a copa. Mas foi só ele que errou? Não. Mas o goleiro é quem paga o pato.
Sem contar a frase que diz que o cara pra ser goleiro tem que ser meio louco. E caras como Higuita, Chilavert, Fábio Costa, para não esticar o papo, reforçam o preconceito. Vou contar uma história: entrei para o ginásio em 1964, em Maringá. Tinha um campo de futebol de terra, inclinado, ao lado das salas de aula. O primeiro tempo para o time de baixo era um sufoco. Mas o segundo tempo era ladeira abaixo. Haja goleiro para aguentar. Um dia me disseram que um grande goleiro jogou ali. O nome dele é Marco Aurélio Rocha.
Que era de Marialva e hoje mora em Maringá. Marco é amigo no Facebook. Eu ficava um tempão olhando sozinho depois da educação física para aquelas traves solitárias e pensando: “Daqui saiu um grande goleiro! Puta que pariu!” Marco Aurélio jogava no Flamengo. Foi uma das primeiras histórias de sucesso que conheci. O cara sair de Marialva e ir parar no Flamengo não era para qualquer um. Eu comprava Revista do Esporte e Gazeta Esportiva Ilustrada para ver foto dele com a camisa do Flamengo.
Na minha trajetória de jornalista e torcedor conheci muitos goleiros. Eu vi Gilmar, considerado o maior de todos, jogar. O meu primeiro ídolo não foi o gaúcho Evir, que parecia Elvis Presley com as costeletas negras. Eu achava estranho ele não fazer pontes fotogênicas. Maurício fazia. Adorava o Maurício.
Entrevistei muitos para o Lendas Vivas da Tribuna do Paraná. Célio (que jogou por cinco times do Paraná), Joel Mendes (que foi goleiro do Santos e Coritiba), Rafael Camarota (de Corinthians, Grêmio Maringá, Atlético e Coritiba.
Tenho livro dele autografado), Neneca (entrevistei no Vitorino Gonçalves Dias) e o goleiro da foto, Jairo, entrevistei em Curitiba. Jairão morreu.
Um cara fantástico. A foto não foi escolhida por acaso. Jairo na sua melhor fase não foi goleiro da seleção porque era negro. Zagalo e o pessoal da CBF tinham medo de goleiros negros por causa do desastre de 1950, com Barbosa. Não queriam correr o risco.
Futebol também é superstição. Pobre Jairo. Jogou apenas um jogo pelo Brasil, para não ficar feio para a CBF.
Vida de goleiro não é fácil. Parabéns a todos os goleiros profissionais e a todos os amigos que foram obrigados a jogar no gol porque não eram bons na linha. Entre eles, este que vos escreve. A única foto que tenho de um jogo de futebol é a de goleiro do time campeão do torneio de Futsal do curso de Direito, da UEM, em 1975.
Peguei todas. Minha moral foi lá em cima. Mas eu sabia que bastava um franguinho sem vergonha para ter indigestão pro resto da vida.