22 de março foi a data escolhida pela ONU para lembrar que em todo o planeta, mais de 2, 2 bilhões de pessoas vivem sem acesso a água tratada ou qualquer tipo de saneamento básico. Segundo o Instituto Trata Brasil, no país são cerca de 32 milhões. Agora, pense em um dia inteiro sem poder tomar banho, higienizar alimentos ou simplesmente beber água limpa. Considere uma família morando em uma vila ou comunidade próxima a um rio em um grande centro urbano. Se esta área não conta com saneamento básico adequado, é provável que a água consumida do rio esteja contaminada, expondo os moradores a uma série de doenças.
O Instituto Trata Brasil explica que “quando não há saneamento básico, existem diversas implicações que afetam o bem-estar da população e propiciam a incidência de Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI)”.
No elenco estão doenças de transmissão feco-oral, como diarreias, salmonelose, cólera, amebíase, febre tifoide e hepatite A; doenças transmitidas por inseto vetor, como a dengue, febre amarela, malária, doença de Chagas entre outras; doenças transmitidas através do contato com a água, como esquistossomose e leptospirose, doenças relacionadas com a higiene, como conjuntivite, dermatofitoses, Geohelmintos e teníases, como ascaridíase, cisticercose.
Um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil aponta que, em 2024, ocorreram mais de 344 mil internações por doenças relacionadas à falta de saneamento, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS).
Quase metade dessas internações, cerca de 168,7 mil casos, foi devido a doenças transmitidas por insetos vetores, com a dengue liderando este grupo com 164,5 mil casos. As doenças de transmissão feco-oral não ficaram muito atrás, representando 47,6% do total, ou 163,8 mil casos. Crianças, idosos, mulheres e pessoas autodeclaradas pardas, amarelas e indígenas são os grupos mais severamente impactados.
A pesquisa também destaca o potencial transformador da universalização do saneamento, capaz de melhorar significativamente a qualidade de vida da população.
Estima-se que a universalização do saneamento no Brasil reduziria em 86.760 o número de internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI) no país. Considerando o custo médio de R$ 506,32 por internação em 2024, essa redução representaria uma economia de R$ 49,928 milhões por ano para o sistema de saúde. A longo prazo, esse benefício se traduziria em um legado positivo para a sociedade brasileira, com uma economia de R$ 1,255 bilhão em despesas hospitalares.