FOTO: UNICEF/Tomás Mende
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e a Organização Internacional para Migrações, OIM, informaram que um número crescente de venezuelanos está se arriscando pela Selva de Darien para fugir da crise e chegar aos países do norte das Américas.
Segundo a ONU, a quantidade de pessoas atravessando a fronteira quase triplicou apenas nos dois primeiros meses deste ano. O Estreito de Darien fica entre a Colômbia e o Panamá.
Crianças e adolescentes
No total, foram 8.546 migrantes e refugiados em janeiro e fevereiro. Em 2021, o mesmo período registrou 2.928. Muitos são meninas, meninos e adolescentes.
A maioria das pessoas é da Venezuela. Com a piora dos impactos socioeconômicos devido à crise no país e à pandemia da Covid-19, muitos migrantes e refugiados preferem se arriscar pela selva, considerada a mais perigosa da América Latina, para escapar da crise e da violência.
A área de 5 mil m2 é coberta por uma selva tropical densa, com montanhas empinadas e rios. Um outro perigo são bandidos e grupos criminosos pelo caminho que espalham violência.
Violência sexual
São comuns episódios de violência sexual na passagem.
A travessia é ainda mais arriscada para pessoas idosas e doentes. O trajeto normal dura 10 dias. Muitos que conseguem atravessar chegando exaustos e famintos a comunidades indígenas. Vários migrantes são tratados contra desidratação e precisam de cuidados médicos. Geralmente quem consegue vencer o trajeto são famílias e jovens.
Em comunicado conjunto, a OIM e o Acnur disseram que o Governo do Panamá tem agido para dar assistência. Ambas as agências da ONU reiteram seu compromisso de ajudar com o acesso e proteção para os que precisam incluindo as famílias que abrigam os migrantes.
Nos últimos meses está aumentando o número de venezuelanos que saem diretamente do país para atravessar a selva de Darien. Mas a passagem tem sido usada por migrantes de outras nacionalidades.
Senegal e Uzbequistão
No ano passado foram 133 mil pessoas, muitos haitianos passaram por ali com filhos pequenos nascidos no Brasil e no Chile.
O local também é escolhido por cubanos e migrantes de Angola, Bangladesh, Gana, Uzbequistão, Senegal e outros países. O Panamá informou que houve 51 casos de desaparecimentos e mortes na travessia.
As agências da ONU estão atuando para fortalecer centros de abrigo dos migrantes e pediram às autoridades que fortifiquem mecanismos de resposta a vítimas de tráfico de seres humanos, violência sexual e a crianças desacompanhadas.
A OIM e o Acnur estão atuando com os governos para agilizar o processamento de pedidos de asilo e pediram mais apoio para os requerentes e as comunidades anfitriãs.
Apelo
Para a ONU, uma abordagem regional dará uma resposta mais adequada à situação. Em todo o mundo, existem 6 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos, mas 5 milhões vivem em países da América Latina e do Caribe.
Este ano, a Plataforma Regional de Coordenação Interagências lançou um plano de US$ 1,97 bilhão para atender os venezuelanos e as comunidades de abrigo em 17 países da região.
A crise política na Venezuela se intensificou em 2015 causando uma onda de milhões de refugiados.
O governo do presidente Nicolás Maduro enfrenta protestos da oposição política num impasse que já dura vários anos.
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