Com o Domingo de Ramos e da Paixão ingressamos na Semana Santa, cujo coração é o Tríduo pascal: a Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa; sua Paixão na Sexta-feira Santa e sua Ressurreição, na Vigília da Páscoa. Por muito tempo, as comunidades celebravam a cada semana, à noite, depois de uma jornada toda de trabalho, o “Dia do Senhor”, o dia da Ressurreição, em que repartiam o pão, seguindo a ordem de Jesus na última ceia: “Façam isto em memória de mim” (1 Cor 11, 24). A cada semana, a comunidade celebrava nas casas a Páscoa do Ressuscitado. Muito mais tarde, ao se fixar um dia para a festa da Páscoa, no domingo após a primeira lua cheia do primeiro mês do ano, o mês de Nisan, passou-se a celebrar no domingo anterior o domingo da Paixão. Neste domingo, recebemos Jesus com alegria, com ramos verdes nas mãos (Lc 19, 28-40), que nos remetem a toda a criação e nos convidam a preservar as florestas, cuidar das águas, das plantas, dos bichos, de todas as pessoas, principalmente das mais sofridas e abandonadas, com o apelo da Campanha da Fraternidade por uma Ecologia integral. A turma do contra, os fariseus de ontem e de hoje, não festejam Jesus, que entra festivamente em Jerusalém. Pressionam-no para que repreenda os discípulos e a multidão e que proíba suas aclamações: “Bendito seja o rei que vem em nome do Senhor” (Lc 19, 39). Ouvem, porém, de Jesus resposta que não esperavam: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19, 40). Terminada a bênção e a procissão de Ramos, é lido o evangelho da Paixão e morte de Jesus, segundo Lucas (23, 1-49) Traído por Judas e preso no horto das oliveiras, Jesus é levado perante o Sumo sacerdote, onde é interrogado, torturado e humilhado. Ao amanhecer, conduzem-no perante o Sinédrio, com testemunhas compradas e falsas acusações. Sentenciam que blasfemou e, por isso, merece a morte (Lc 22, 47-70). Para tanto, levam-no a Pilatos, o procurador romano, com três acusações, não mais religiosas, mas essencialmente políticas: a primeira, que sua pregação está sublevando o povo e ameaçando a ordem pública; a segunda, que, no plano econômico, está proibindo que se pague imposto aos romanos e, a certeira que, politicamente, desafia o poder romano, proclamando-se rei (Lc 23, 1-2). Por três vezes, Pilatos interroga a Jesus diante das autoridades judaicas, afirma que não encontrou nele crime algum, nem ele, nem Herodes, a quem enviou Jesus, porque era galileu. Depois de declará-lo repetidamente inocente, diz, porém, que irá castiga-lo e depois soltá-lo. Herodes e Pilatos que eram inimigos, tornam-se amigos e parceiros no crime de condenar um inocente e de ceder à pressão das autoridades judaicas, que exigem a sua morte (23, 3-25). Incitado pelos sacerdotes, a multidão grita casa vez mais alto: Crucifica-o e que solte o bandido Barrabás, sedicioso e assassino. O covarde Pilatos lava as mãos e entrega a quem declarou inocente nas mãos dos seus inimigos, para ser crucificado. Lucas no seu evangelho, recolhe três palavras de Jesus que se tornam para nós uma interpelação nesta sexta-feira santa: Diante dos sacerdotes que o acusam falsamente, da multidão que grita crucifica-o, de Pilatos e Herodes que atestam sua inocência, mas o mandam para a morte, dos soldados que o açoitaram e que o crucificaram em meio a dois malfeitores, Jesus se dirige a Deus: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem! (23, 34) A um dos malfeitores com ele crucificado e que lhe pede: “Lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”, Jesus promete: “Em verdade, em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso” (23, 42-43). Às três da tarde, com a escuridão cobrindo a terra, temos sua última palavra, na verdade, um forte grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (23, 46). Que sua palavra de perdão aos seus algozes; de promessa de nos acolher em seu reino, em que pesem nossas faltas, se arrependidos, e de sua serena e confiante entrega nas mãos do Pai, toque os nossos corações e nos mova a seguir os seus passos no nosso quotidiano, em solidariedade a todos os crucificados de hoje, confiantes na sua promessa de vida e Ressurreição.
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