EDITORIAL ELEIÇÕES: “Quem vence festeja, quem perde chora e fala”

FOTO - ASC/PSD

Sabe aquela história de dizer que em eleições não existem vencedores nem vencidos ? Já notou que só os que perdem a pronunciam ? Pois é, porque quem vence, vence, e quem perde, perde, e não há nada a se fazer, a não ser chorar e lamentar. É um tal de dizer, “ah se tivéssemos feito assim, ah se não tivéssimos nos dividido tanto”, mas lá atrás, na hora de fazer grupo, o que falou mais alto foi o ego e não os interesses setoriais e comunitários.

Choram e muito, o pessoal da Cultura que tinha esperança de ver um dos ex-secretários de Cultura eleito. Victor Simião (PSB) 1.727 votos e Miguel Fernando (MDB) – 1.553 votos; divididos ficaram fora.

A divisão também impediu a eleição um representante LGBT. Na soma, as candidaturas mais votadas fez 2.523, mas não estavam juntas e nem no mesmo partido, logo, não terão representação direta e vão continuar dependendo de outros vereadores para conduzirem suas justas batalhas.

A vitória esmagadora de Silvio Barros com mais de 65% dos votos nas eleições municipais deste domingo, 6 de outubro de 2024, traz à tona muitas reflexões que precisam ser compartilhadas mesmo que não encontrem consenso, e isso é até um bem.

Para quem perde, o dia seguinte serve para lamber as feridas e sair da bolha que os impede de enxergar os porquês e também de compartilhar algumas constatações:

E por falar em vitória, a família Barros também tem em sua história outras fora dos limites do município, com a filha Maria Victoria na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, e com Cida Borghetti, esposa de Ricardo, que eleita vice-governadora, assumiu o cargo maior do estado num breve período entre 6 de abril de 2018 e 1 de janeiro de 2019, mas foi.

Dá para parar por aí, mas ainda que haveria muito para se falar, como os seis mandatos de Ricardo como deputado federal, além dos cargos de secretaria de estado que tanto ele e o irmão ocuparam no Governo do Paraná.

PP FAZ SEIS VEREADORES

Na Câmara, o PP dos Barros arrasou; fez seis vereadores, quando se imaginava que chegaria no máximo a quatro. O Progressistas elegeu Odair Fogueteiro que volta à Câmara não obstante a condenação por improbibade; elege também Bravin Junior, que faz as vezes do pai, tem também a volta de William Gentil, a estréia de Giselli Bianchini e a manutenção de Mário Hossokawa que com 1.813 votos acabou eleito pela média ou sobras. A completar o time de vôlei do PP tem a estreante Majô, que com 1.783 votos entra também pela média.

CRIS DE PIRRO

A mesma eleição que aclamou Silvio, trouxe também outras vitórias que ainda vão dar o que falar.

A primeira é incontestável e polêmica, porque pode ser “vitória de Pirro”; Cris Lauer bate todo mundo nas urnas e termina como vereadora mais votada no pleito. Foram 7.531 votos; 2 mil a mais que o segundo colocado.

Na semana passada, uma liminar da Justiça Eleitoral suspendeu em cima da hora a sessão especial de julgamento que poderia ter custado o seu mandato e até torna-la inelegível. Na ocasião, o presidente atual da Câmara – vereador Mário Hossokawa (PP), que também foi reeleito ontem, disse que remarcaria o julgamento já nesta segunda-feira, 7; agora é ver no que vai dar; será que o êxito tremendo de Lauer no pleito vai impedir que ela seja cassada por peculato ?

Lauer do Novo, terá como companheiro de bancada o estreante Daniel Malvezzi.

Com 5.488 votos, Luiz Alves, o delegado que trocou o Republicanos pelo PL fica em segundo lugar e junto com Flávio Mantovani que trocou a Rede pelo Solidariedade e depois pelo PSD, conquista 5.063 consensos e volta à Casa de Leis depois de ter perdido seu mandato por ter mudado de partido fora da janela eleitoral.

Vencem também os filhos que tomaram os lugares do pais condenados por nepotismo. Bravin e Altamir conseguem transferir seus votos aos herdeiros, e de um jeito diferente continuarão a ocupar cadeiras na Câmara.

A Câmara que deixa de ter 15 para ter 23 vereadores, terá 14 novatos, e além dos já citados tem também Jeremias pelo PL, que já foi vereador no passado, Luiz Neto (Agir), Angelo Salgueiro (Podemos), Akemi Nishimori (PSD), Uilian da Farmácia (UB).

O UB também obteve uma confirmação; foi com Biazon que fez 3.047 votos e permanece na Câmara por mais quatro anos.

VITÓRIAS QUE PARECEM DERROTAS E PERDAS QUE NA VERDADE SÃO GANHOS

Há também as vitórias amargas, como a de Mário Verri (PT) que aparece como quarto vereador mais votado com 3.766 votos, mas que vê seu partido não passar de uma cadeira na Câmara. A expectativa do PT era de conquistar até três cadeiras, mas não aconteceu porque o partido não foi bem na majoritária com Humberto Henrique que teve só 8,62% ou 17.321 votos.

O partido também deve contabilizar outras perdas que estão ligadas muito mais à presença em cargos e comando de secretarias na administração pública e no Legislativo.

Há derrotas que parecem derrotas, mas aí é preciso entender quais eram os verdadeiros objetivos de quem se candidatou.

O candidato a prefeito pelo PSDB – o registrador de cartório e empresário – Evandro Oliveira, deixou bem claro que estava na briga porque “não se sentia representado por nenhum dos postulantes”, e que queria desburocratizar a máquina pública. Evandro tem suas pendências com a prefeitura e durante o debate da tv Evangelizar teve que ouvir Edson Scabora (PSD), dizer que ele tinha assinado um Termo de Ajustamento de Conduta com a prefeitura e que teve cinco anos para regularizar a papelada que não regularizou quando realizou obras em sua faculdade. Evandro faz minguados 3,69% ou 7.421 votos, o que o elegeria a vereador, mas jamais a prefeito. Por outro lado, seu partido mantém um vereador na Câmara, e se ele continuar à frente do partido pode pensar em novos voos no futuro.

Evandro também é o candidato que jogou nuvens sobre a gestão de Ulisses e Scabora ao acusar o secretário de Governo Hércules Kotsifas de submeter empresários a atendimentos com portas fechadas e com celulares deixados do lado de fora com a secretária.

A fala de Evandro aconteceu durante o debate televisivo da tv Evangelizar e Scabora o retrucou dizendo que Evandro seria chamado a responder sobre o que disse na sede justa.

Tem também a derrota do pastor José Santos que só fez 480 votos. É muito pouco, mas o que não foi pouco é o estrago que fez ao trazer fora histórias que pouco têm a ver com o pleito e com o direito, mas que moralmente podem ter sido a pá de cal do “pague o Juarez”.

O pastor também colheu sua vitória mesmo não tendo passado de 0,24% dos votos, conseguiu muita visibilidade que pode lhe render consensos futuros fora das urnas entre os que pensam como ele, e são tantos por aqui.

Ulisses é o grande derrotado; o atual prefeito não conseguiu transferir seus consensos ao seu vice, que sai com 44 mil votos e talvez isso o credencie a postular uma cadeira de deputado daqui a dois anos. É preciso deixar claro que ele nunca manifestou tal intenção, mas se sabe que ser candidato a prefeito pode ajudar na eleição para deputado, e se ele tem isso entre seus planos, a vitória até que deixa de ser tão amarga.

Scabora acreditou até o fim, e mesmo ontem (6), após votar no Instituto de Educação, disse em entrevista a OFATOMARINGA que Silvio ia se ver com ele no segundo-turno, só que antes ele tinha que ter chegado lá e não chegou.

Outras vitórias precisam ser registradas, como as de Maninho que deixou o PDT, onde votava contra tudo o que o partido tinha como linha de pensamento; agora, eleito pelo Republicanos, suas idéias de mundo se encaixam perfeitamente.

Vence também o PDT que surpreende ao eleger três vereadores. Além da confirmação de Ana Lúcia Rodrigues encaixa também dois novatos. Ítalo Maronese com 2.009 votos e Lemuel do Salvando Vidas. Detalhe: Eles nem apareciam entre os nomes favoritos.

A história é mais longa do que a escrita aqui, tem também outros personagens que tinham certeza da vitória e que hoje estão sem entender nada. Só o tempo os farão entender.

Termino com a frase de Julio Velasco, treinador argentino de voleibol, campeão olímpico com a seleção feminina da Itália em Paris, que diz: “Chi vince festeggia, chi perde piange e parla” e também com outra mais confortadora do poeta italiano, Tonino Guerra que diz: “L´ottimismo è il profumo della vita”.