Do dia 17 de março até hoje, (07/07), o prefeito de Maringá já editou 22 decretos com objetivo de enfrentar a pandemia de coronavírus que assola o mundo inteiro. O primeiro decreto foi editado em 17 de março (436/2020), e colocou a cidade em a situação de emergência, o segundo veio quatro dias depois (445/2020), e impôs pelo menos no papel, um rigoroso lockdown que fechou quase tudo na cidade por longos 30 dias.
De lá para cá já passamos por 112 dias, ouvimos falar de 15.214 notificações de sintomas, torcemos pela recuperação de 1.912 contagiados e tivemos que enfrentar o pior desfecho; choramos 19 mortes. Infelizmente ainda há quem diga; “tanto por tão pouco”. Se por tão pouco se entende 19 vidas, então quanto vale uma única vida? Teria sido muito pior, e para se ter uma idéia do que poderia ter acontecido, basta olhar para Londrina que avança para 90 mortos e para Curitiba que já beira 200.
O avanço do vírus é evidente em Maringá, e são os dados que evidenciam isso. Até o dia 31 de abril, com 43 dias de pandemia, a cidade tinha apenas 92 contágios. Maio veio, e com ele 279 novos contágios; o triplo num período de tempo um terço menor, mas para muita gente ainda era tudo bobagem, afinal, apesar de tudo, os mortos eram menos de 10. Os números de junho não deixaram espaço para dúvidas; foram 1.160 novos contágios e as mortes dobraram, chegando a 18. Julho começou pior, veio a 19 morte e 402 contágios em apenas 6 dias.
Tudo isso não parecia sensibilizar muita gente que continuava a lotar praças, a fazer churrascos, festas e a entrar em alguns bares que insistiam em funcionar com as portas abaixadas. E se é assim, lá vem mais um decreto. Dessa vez será um documento que não fechará tudo, muito pelo contrário, manterá quase tudo aberto, mas será rigoroso no restringir os horários e a frequentação dos locais públicos.
Vai funcionar? Não sabemos, mas é bom que funcione, e para que funcione, aquela parte da população que não quer colaborar precisa começar a fazer a sua parte ou corremos o risco de jogar na latrina todos os esforços que foram feitos até agora.
Nesta quarta-feira, 8, entrará em vigor o último decreto de Ulisses. O documento número 943/2020, é mais um ajuste para tentar não ter que fechar a cidade novamente, e já ficou claro, o próprio prefeito admite, “que só o papel não pode vencer essa guerra”.
Amanhã, os bares reabrem das 8 às 15h. Veremos bares funcionando com as portas fechadas após esse horário?
Supermercados terão fechar aos domingos. Será que esse setor que até agora nada sofreu e que aliás foi premiado vai aceitar fechar as portas? Será que não vão agir covardemente recorrendo à justiça? E acima de tudo, será que você cidadão, vai sossegar em casa, na sua casa e não na casa dos outros, nas casas dos parentes, fazendo churrascos, fumando narguilê nas calçadas, nas praças e criando aglomerações desnecessárias? Será?
Não são só essas sutis mudanças que tentarão regular a vida dos maringaenses à partir de amanhã, para tentar frear o ímpeto assassino do vírus. O transporte urbano funcionará somente de segunda a sexta-feira entre os dias 8 e 21 de julho. Além dos bares que voltam após 21 dias de castigo desmerecido, abrem também restaurantes, lanchonetes, petiscarias, sorveterias, açais, cachorros quente, food truck, praças de alimentação de shoppings e galerias, disque bebidas, lojas de conveniência, ambulantes e estabelecimentos similares. Essas atividades só que poderão atuar das 8 da manhã às 3 da tarde, de segunda a sexta-feira. Francamente, passou da hora de percebermos que é possível e necessário que as atividades comerciais possam funcionar contando com a colaboração do cliente frequentador, pois o problema não está no bar ou no restaurante, está no cidadão que não respeita a distância na fila do self-service, que usa a máscara no queixo, enfim, dessa colocarmos no lugar essa gente que não tem respeito pela vida dos outros e nem pela economia.
Maringá vai precisar da coragem do cidadão que sempre fez a sua parte para constrastar comportamentos incivis. O novo normal já chegou à Europa e onde não houve espaço para regras rígidas de higiene e de civilidade, os contágios já começaram a voltar. Para quem lamenta os 14 mil empregos perdidos e as mais de 100 empresas que presumivelmente fecharam ou faliram, saiba que será o nosso comportamento a determinar o fracasso de muitas outras.
Maringá soube aproveitar o tempo de lockdown para estruturar seu sistema de saúde, e hoje a taxa de ocupação de UTIs dedicadas ao tratamento da COVID está entre as menores do país quando comparadas a cidades do mesmo porte, mas não basta. Na semana passada, ao anunciar o lockdown em 7 regionais de saúde, Londrina, Curitiba, Cascavel, Cianorte, Toledo, Foz do Iguaçu e Cornélio Procópio, o governador Ratinho Junior e o secretario estadual de saúde Beto Preto, disseram que o Estado só tinha estoque de insumos, como anestésicos para manter pacientes entubados, por apenas uma semana e que o ritmo de crescimento dos contágios poderia levar o Paraná a ter nos primeiros 12 dias de julho, o mesmo número de contágios dos primeiros 100 dias de pandemia.
Raramente O FATO vem a publico para opinar e fazer apelos, mas desta vez temos que falar com você amigo leitor que certamente cumpre com suas obrigações de cidadão. “Vamos dar uma mão aos profissionais de saúde; eles são as principais vítimas dessa pandemia, estão na mira do vírus, e nós podemos ajudá-los, ficando em casa quando possível, e explicando aos amigos teimosos que estão loucos para fazer um churrasco como nos velhos tempos, que essa coisa só vai passar se a gente entender que tudo aquilo que está no tal do decreto serve para que tudo isso acabe logo. Ou é assim, ou não acabará nunca; não parece, mas a escolha é nossa”.
Abraço fraterno de O FATO MARINGÁ
leia o decreto 445 que entra em vigor nesta quarta, 8 de julho – na íntegra. Se você não entender algo, pergunte. Se não soubermos responder, vamos buscar a resposta para você.
.