Todo mundo esperava algo bem diferente daquilo que viu ontem (25) no primeiro Athletiba de 2025. O Estádio Couto Pereira recebia mais de 25 mil torcedores e os primeiros minutos de bola rolando fizeram parecer que as expectativas iriam se concretizar e teríamos uma grande tarde de futebol, só que não. A expulsão do zagueiro Léo Pelé do Athletico Paranaense aos 27 minutos do primeiro-tempo não mudou muito o equilíbrio das ações até o intervalo, mas a reação de um torcedor que decidiu que era o caso de tirar fora suas piores qualidades, e fazer isso filmando tudo, preanunciava o que poderia acontecer depois.
O depois do apito final foi feio, mas não foi tão feio quanto o racismo contra o ser humano que teve que ouvir frases como “vai embora, macaco não se cria no Couto Pereira, vai embora Léo Pelé seu macaco, seu preto, macaco do cara_lho”. Tudo isso aconteceu na capital dos paranaenses que deveria ser referência para todas as outras 398 cidades do estado em termos de civilidade. Não dá para botar a culpa em toda a população, mas é preciso que façam pelo menos mea culpa para depois poderem colocar em prática ações façam calar manifestações racistas típicas do nazifascismo. O jogo que já era feio no primeiro-tempo, ficou pior ainda no retorno das equipes a campo. A forte chuva que caiu na cidade e a drenagem do Couto que não deu conta, pioraram ainda mais a falta de beleza do espetáculo. Com poças por todo o campo, o que se viu foi uma pantomima que imita o futebol. Jogadores passando do ponto da bola que ficava presa na água, quedas devastantes, esforço físico fora do limite e encontrões inevitáveis. Com tudo isso jogando contra a bola sofreu e não entrou de jeito nenhum. O que restou aos nervosos jogadores de ambas as equipes foi sair no tapa para ver se alguém sairia ganhando alguma coisa, mas mais uma vez a natureza mostrou que a violência só produz incivilidade e crimes, como foi o do torcedor do Coxa que feriu Léo Pelé, e feriu muito mais do que Athletico e Coritiba fizeram com a bola. Coritiba e Athletico mostraram ontem ao mundo o quanto estamos atrasados e quanto esforço ainda temos que fazer para que quem expõe seu racismo seja punido adequadamente e uma boa punição seria bani-lo à vida de manifestações esportivas. Mostraram ao mundo também que jogadores que jamais fariam o que fizeram se jogassem na Europa, fazem aqui porque acham que aqui pode. Aqui não pode não, nem racismo e nem violência. O resultado do racismo contra Léo Pelé e da violência entre os jogadores foi visto também fora de campo com brigas entre torcedores dos dois times. Episódios foram registrados pela Polícia Militar antes do derby no bairro Pinheirinho.
Léo Pelé se pronunciou sobre as injúrias que teve ouvir: “Vou tomar todas as medidas possíveis contra quem fez isso. Quem grita ofensa racista comete crime. Mas quem escuta e finge que nada aconteceu também tem culpa. O silêncio alimenta o racismo e isso precisa acabar”, escreveu em suas redes sociais
O Coritiba expressou seu pesar pelo ocorrido e se comprometeu a identificar o torcedor responsável pelas ofensas. Já o Athletico repudiou o ato e anunciou providências jurídicas. Nada disso vai mudar o que aconteceu trazendo à tona claramente como entre nós paranaenses há muita gente que se acha superior. As Leis parecem não bastar, talvez seja porque ela as vezes age com pesos diferentes de acordo com quem comete o crime.