Na Liturgia deste Domingo, V do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Is 58, 7-10), que o profeta Isaías reage contra uma religião feita de puro formalismo e explica quais são as práticas religiosas agradáveis a Deus. Nas grandes celebrações, do que Deus sente falta: de ritos ou de justiça social? O culto separado da justiça social não funciona, o pecado é não fazer a vontade de Deus. “A religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, consiste em socorrer os órfãos e viúvas em seu sofrimento e não se deixar corromper pelo mundo” (Tg 1, 27).
Isaías apresenta as condições para ser luz: encontrar Deus no sofrimento e na vida das pessoas, sentir suas aflições, dar de si, acolher. Não basta o cumprimento de ritos estéreis e vazios, é necessário o compromisso concreto, uma opção com políticas públicas e Projetos Políticos de Governo que levem as pessoas a viver com dignidade, pois os pobres devem receber por direito e não por esmola. Nisso está a insistência da Igreja quando diz que “a política é a melhor forma de viver a caridade”.
Na 2ª Leitura (1 Cor 2, 1-5), o apóstolo Paulo não se serviu de artifícios humanos para anunciar o Evangelho aos Coríntios. Foi por meio da sua fraqueza e de testemunho que ele anunciou o ponto central do projeto de Deus: Jesus crucificado. Vemos, então, que, pelo poder de Deus, o Espírito Santo agiu abundantemente sobre a Comunidade de Corinto.
No Evangelho (Mt 5, 13-16), Jesus nos diz que diante de um mundo insípido devemos ser sal (não açúcar) da terra e luz do mundo.
Quais são as funções do sal e da luz?
Sal
– dá sabor às comidas (não falamos que sal gostoso e, sim, que comida gostosa);
– é curativo, preserva (vivência equilibrada, valores);
– é tempero: nem muito: só vale o meu ego, Grupo, Movimento; nem pouco: sem conteúdo, insosso;
– impede a corrupção dos alimentos;
– é conservante;
– retira a ferrugem de alguns objetos;
– afasta a traça dos tapetes.
Assim foi Jesus: com o sal de sua palavra, ia dando sabor a todas as situações humanas: alegres e dolorosas. Ia preservando os valores humanos e morais com sua mensagem divina, para que não se corrompessem.
Luz
– sinal de vida, de calor, dinamismo, trabalho (nenhum ser vivo vive sem luz);
– serve para afastar aos animais perigosos;
– para mostrar o caminho, as belezas presentes na natureza;
– para iluminar os objetos.
Na criação: a luz recorda o primeiro ato do Criador.
No Êxodo do Egito, a coluna de fogo guiava o povo para a Terra Prometida.
Em Isaías: O Servo de Javé: “Luz das nações”.
Jesus: “Eu sou a Luz do Mundo”.
É a Luz que dá sentido à vida, à dor e à própria morte. Uma pessoa que tem luz é uma pessoa sábia, que tem rumo, horizontes.
Todos os seres se identificam pela sombra, somente Deus, pela luz.
Ninguém é luz por si próprio: é ligado a uma fonte geradora. Como a lâmpada depende do gerador, assim nós dependemos do gerador que é Cristo para iluminar. E iluminamos na medida em que estivermos ligados a Ele. Essa união se faz pela meditação da palavra de Deus, pela participação na Comunidade, pela comunhão eucarística, pela caridade e pela oração.
Sempre digo que cada um de nós é como a lua, a lua não tem luz própria, mas ilumina, pois reflete a luz que o sol lhe manda. Nós, também, não temos luz, mas, quando iluminamos, certamente é a luz de Deus que reflete em nós e vamos passando esse esplendor a todos os ambientes em que estamos inseridos.
Sal e Luz são símbolos do que deve ser um cristão!
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Pe. Leomar Antonio Montagna
Presbítero da Arquidiocese de Maringá – PR
Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças, Sarandi – PR
Obs: Esta reflexão também está publicada no site da arquidiocese de Maringá:
http://arquidiocesedemaringa.org.br/artigos/1527/reflexao-liturgia-do-v-domingo-do-tempo-comum-ano-a-05-02-2023-03-02-2023