O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou no sábado Israel de ser uma das principais fontes de “instabilidade, não só no Médio Oriente, mas a nível mundial”, comparando o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ao líder nazi Adolf Hitler.
As declarações de Erdogan foram proferidas durante o seu discurso na abertura da 51ª sessão do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da Organização de Cooperação Islâmica (OCI). O líder turco alertou também contra uma “nova ordem Sykes-Picot” no Médio Oriente, em referência a um acordo secreto de 1916 entre as potências ocidentais para dividir a região.
“Não permitiremos o estabelecimento de uma nova ordem Sykes-Picot na nossa região, com fronteiras a serem traçadas com sangue”, afirmou o presidente Erdogan em Istambul.
Em 1916, ingleses e franceses reuniram-se em segredo para definir as suas esferas de influência e de controlo mutuamente acordadas caso o Império Otomano fosse dividido – um acordo dependente de uma vitória dos Aliados durante a Primeira Guerra Mundial.
O acordo propunha que a França controlasse ou influenciasse a atual Síria e o Líbano, e a Grã-Bretanha o atual Iraque, a Jordânia e partes da Palestina.
O presidente Erdogan também descreveu as condições em Gaza como piores do que as dos campos de concentração nazis.
O governante turco criticou fortemente o que descreveu como a “fragmentação de posições entre os países islâmicos”, argumentando que “Israel está a aproveitar-se da falta de coordenação e unidade entre os membros da organização para promover as suas políticas agressivas”, apelando à “união de fileiras e a uma posição coletiva firme para parar o que está a acontecer”.
No contexto da escalada regional entre Israel e o Irão, Erdogan referiu que Telavive “procura obstruir qualquer consenso internacional com Teerão sobre o seu programa nuclear”, salientando que os ataques militares israelitas ocorreram numa altura em que decorriam negociações entre o Irão e os Estados Unidos. “Estamos optimistas de que a vitória será um aliado do Irão”, acrescentou, sublinhando que “a defesa do Irão contra a agressão israelita é um direito legítimo”.
“Há 21 meses que 2 milhões dos nossos irmãos e irmãs em Gaza lutam para sobreviver nestas condições”, afirmou ainda o presidente turco durante o seu discurso na reunião da OIC. Os seus comentários surgem numa altura em que as tensões continuam a aumentar no Médio Oriente, especialmente entre o Irão e Israel, quando o conflito entra na sua segunda semana.
A atual sessão está a ser presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, e conta com a participação de cerca de 40 diplomatas, incluindo chefes de governo e ministros dos Negócios Estrangeiros, bem como de cerca de 1000 participantes em representação dos 57 Estados membros, das instituições da OIC, dos Estados observadores e de várias organizações internacionais.
Esta é a quarta vez que a Turquia acolhe esta reunião ministerial, depois de 1976, 1991 e 2004.
A OIC deverá realizar uma sessão especial à porta fechada no sábado à noite, a pedido do Irão, de acordo com o site de notícias turco Anadolu. euronews