EUROPA: Moeda única celebra 25 anos: qual é o futuro do euro?

O Euro celebra 25 anos, depois de ter atravessado várias crises e uma pandemia global, e de se ter tornado uma das moedas mais importantes do mundo.

reprodução euro news

Com um quarto de século de existência, o euro tornou-se realidade a 1 de janeiro de 1999. Onze países da União Europeia fixaram as suas taxas de câmbio e confiaram a política monetária ao Banco Central Europeu (BCE).

Desde então, nove outros países aderiram à zona euro. Atualmente, o euro é uma das moedas mais importantes do mundo. Cerca de 350 milhões de pessoas utilizam-no todos os dias. E, à exceção do dólar americano, nenhuma outra moeda é mais transacionada nos mercados mundiais.

 

“A criação do euro foi uma resposta à necessidade de um verdadeiro mercado único. Foi uma decisão absolutamente importante, mas também uma espécie de afirmação, uma declaração da existência de uma Europa unida. E o que provámos é que os europeus são efetivamente capazes de criar uma moeda séria, uma moeda sólida. 79% dos europeus da zona euro aprovam o euro. Para mim, essa é a maior recompensa”, disse à euronews o antigo Presidente do BCE, Jean-Claude Trichet.

Momentos decisivos da história do euro

“Houve dois momentos muito fortes. O mundo financeiro estava a entrar em colapso depois de o Lehman Brothers ter declarado falência e tivemos de tomar uma série de decisões extremamente importantes muito rapidamente. Isso exigiu um esforço considerável. Depois, em maio de 2010, foi o verdadeiro início da crise do risco soberano na Europa. Um total de cinco países europeus, no meu tempo, foram colocados numa situação muito difícil, o que exigiu decisões extraordinariamente corajosas por parte dos países em causa para ultrapassar a crise, por parte dos governos e do Banco Central Europeu, que esteve na vanguarda de todas estas questões” sublinhou Jean-Claude Trichet.

Na sequência destas crises, o Eurogrupo criou o Mecanismo Europeu de Estabilidade para ajudar os países membros em dificuldades económicas.

Qual é o futuro do euro?

“Estou convencido de que a evolução para uma confederação europeia, uma verdadeira confederação europeia, com uma unidade muito maior em termos orçamentais e económicos, e também uma verdadeira unidade em termos de defesa, segurança e diplomacia, é uma necessidade a longo prazo”, frisou Jean-Claude Trichet.

Europeus favoráveis à moeda única

De acordo com o Eurobarómetro, 79% dos europeus da zona euro aprovam a moeda única para a Europa. E 69% aprovam-na para o seu próprio país. Entre os mais satisfeitos conta-se a Finlândia, a Irlanda e a Alemanha; os menos satisfeitos são a Croácia, Chipre e Itália.

Vencedores e vencidos entre os membros da zona euro?

“A política monetária nunca é neutra. Em Itália, por exemplo, o crescimento económico tem sido dececionante para muitos de nós, nos últimos 25 ou 30 anos. Mas é claro que a política monetária é uma parte da política económica. O que é necessário é reforçar outros aspetos e dimensões da política económica. Mas, obviamente, se tivermos uma política monetária única sem termos uma política fiscal única, perdemos uma perna. O processo fica incompleto”, disse o economista italiano Giovanni Farese.

Reformas como uma política fiscal unificada poderiam permitir à zona euro absorver melhor os choques económicos.

O controlo da inflação

Desde a guerra na Ucrânia, a taxa anual de inflação na zona euro atingiu um pico de 10,6 por cento em outubro de 2022. A taxa de inflação média anual desde a criação do euro é de 1,95 por cento. A missão do BCE é garantir a estabilidade financeira e manter a inflação anual abaixo dos 2%. Um objetivo que a instituição se compromete a respeitar.

“Ao longo dos anos, o Eurosistema tem sido capaz de reagir à evolução das circunstâncias. Todos nos lembramos do “custe o que custar” de Mario Draghi, que mudou e estabilizou o mercado. Por isso, o importante é estar preparado para compreender a realidade, para compreender como se adaptar, estar preparado para se adaptar. A economia muda, a sociedade muda, a tecnologia muda, os hábitos das pessoas mudam, e os pagamentos eletrónicos estão a tornar-se cada vez mais uma realidade quotidiana. Por isso, o Eurosistema tem de se preparar para isso. E está a fazê-lo ao pensar na nota do futuro, uma nota digital. O euro digital”, disse à euronews  Piero Cipollone Membro da Comissão Executiva do BCE.

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