O Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) e o Program for Appropriate Technology in Health (PATH) estão realizando um estudo de viabilidade para entender o impacto do autoteste de Covid-19 entre indivíduos que tiveram contato com um caso da doença, em Curitiba, cidade reconhecida como a primeira a implementar o autoteste de HIV no país. O mesmo estudo está sendo realizado concomitantemente em Porto Velho, Rondônia, no Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (Cepem).
“Nossa experiência com o autoteste de HIV em Curitiba é que as pessoas preferem a autonomia para cuidar de si mesmas. Este estudo é uma oportunidade de considerar o impacto no acesso, à medida que os testes se deslocam da clínica para as casas das pessoas”, observa Alexandre Costa, pesquisador do ICC que coordena o estudo em Curitiba.
O estudo, financiado pela UNITAID, terá duração de três meses e pretende avaliar a eficácia do rastreio de contatos na identificação precoce de casos de Covid-19 por meio da realização de autotestes em série em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) que tratam pacientes infectados com a doença em ambos os municípios. O estudo também visa explorar as barreiras e oportunidades que podem impactar o acesso e a adesão ao autoteste, bem como gerar evidências e recursos que apoiem a sua implementação no sistema de saúde.
Desde o início de novembro, os casos de Covid-19 no Brasil tornaram a aumentar, especialmente devido ao aparecimento de novas variantes. Em razão desse aumento, a Organização Panamericana de Saúde demonstrou preocupação com as medidas sanitárias e a redução drástica dos testes de diagnóstico de Covid-19, que podem dificultar o monitoramento do vírus e mascarar como ele está se espalhando e evoluindo.
“Nossa hipótese é que o rastreamento de contatos facilitado por autotestagem em série é capaz de identificar mais casos positivos de COVID-19 entre os contatos próximos expostos a um caso da doença”, explica Costa.
De acordo com as Nações Unidas, o acesso aos autotestes aumenta a equidade em saúde nos países, fornecendo uma opção de teste adicional com potencial para atingir indivíduos que não teriam acesso ou hesitariam em fazê-los. Desde janeiro, a distribuição e o uso de autotestes de Covid-19 no Brasil estão autorizados pela Anvisa, com preços que variam de 20 a 80 reais. FIOCRUZ