*matéria publicada originalmente em O FATO MANDACARU em fevereiro de 2018
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É dessa passagem bíblica que nasce a festa trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVIII. Em Portugal, a manifestação tinha finalidade de divertir o povo, no Brasil, passou a ter caráter religioso. “Seu Geraldo” – O Presidente: Em Maringá a Folia de Reis só não morreu ainda, porque existem pessoas como Geraldo Gonçalves Filho, Presidente do Grupo Caminhando com Santo Reis que apoiado pela família Viana resiste à indiferença da maioria da população, que muitas vezes não sabe nem mesmo do que se trata. Geraldo tem 65 anos e há mais de 50 é devoto e folião. “Para mim a Folia de Reis é religião, é um rito espiritual, é devoção por Jesus. Apesar de ser muito cansativo, eu nunca pensei em parar. A gratidão das pessoas que nos recebem é o nosso prêmio e estímulo”.
Os Três Vianas
Vovô Viana: “Somos um grupo que reúne cantadores e instrumentistas para celebrar Jesus”, explica Gabriel Arcanjo Viana, embaixador do
GrupoCaminhando com SantoReis. Aos 81 anos, Viana conta que há 50 se tornou devoto e nunca mais abandonou a vida de folião. “Meus pais eram ‘reizeiros’, não eram foliões, mas recebiam a folia em casa, foi ali que nasceu minha paixão. A história que marcou minha vida com a folia de Reis foi quando formei meu primeiro grupo em São Jorge do Ivaí. Eram todos parentes menos o presidente, que mesmo assim era meu compadre.
Depois formei um grupo em Rolândia e lá durou 8 anos e aí, fui cada vez mais tomando gosto pela coisa. Quando cheguei em Maringá, no ano de 1970, o Geraldo Gonçalves me chamou para formar um grupo, foi assim que nasceu o ‘Unidos pela Fé’, e hoje estamos com o quarto grupo, o Caminhando com Santo Reis”.
Gabriel explica que as mudanças são só por questão de organização mas que a paixão é sempre a mesma. “Quando comecei o fervor era maior, o pessoal tinha prazer de receber a Folia de Reis, mais gente participava da festa e hoje, apesar de tudo as pessoas ainda
nos recebem com muitocarinho”.
Papai, Dos Reis Viana: José dos Reis Viana traz até no nome as figuras dos Magos; ele é filho de Gabriel e também começou na folia bem cedo, tanto que nem lembra direito quando, só sabe que era antes dos 7. Aos 50 anos, tem a missão de vestir-se com a máscara de bastião, figura conhecida também como palhaço entre os foliões. José dos Reis não sabe o que é desânimo, ele diz que ser folião de Santo Reis “é viver feliz o ano inteiro”.
“Nós fazemos reuniões do grupo e dessas reuniões todo mundo pode participar, é só chegar e entrar, a casa tá sempre aberta”. As reuniões de organização do grupo acontecem na casa do vovô Viana e quase sempre viram ensaios do grupo, com cantos e orações. “Quem quiser participar e virar um folião pode ligar para a gente, teremos muito prazer de receber
novas pessoas, a folia precisa disso.” Viana, o Filho: “Estamos lutando para não deixar a Folia morrer”.
Jonathan Lúcio Viana, tem só 26 anos, é filho do José dos Reis e neto do Gabriel; há 20 agarrou-se nas pernas do avô e entrou na vida de folião. Hoje ele tem consciência que sua adesão quando menino, se transformou em uma missão de grande responsabilidade: Não deixar a Folia de Reis morrer. “Nós não temos muitos foliões, e os que cantam também são poucos, então é difícil a gente conseguir cantores, músicos, mas a gente tá sempre lutando para trazer as pessoas. Nós queríamos convidar o povo para conhecer a tradição de Santo Reis, queríamos explicar a folia pois nós temos certeza que, quem conhece vê sua própria vida melhorar na fé”.
A folia de Reis foi tão forte na vida do Jonathan que o conduziu ao despertar de um dom, o da música. A coisa foi tão séria que ele acabou ingressando na Faculdade de Música da UEM.
Contato:
Grupo Caminhando Com Santo Reis
(44) 3265-81 54