Uma vala com 283 corpos foi descoberta nas imediações de um hospital na cidade de Khan Younis, anunciou na segunda-feira a Proteção Civil de Gaza. As forças israelitas retiraram-se da cidade, no sul da Faixa de Gaza, no início do mês de abril.
Segundo o coronel Yamen Abu Suleiman, diretor da Proteção Civil em Khan Younis, alguns dos corpos foram encontrados com mãos e pés atados “e há sinais de execuções“, disse à CNN. “Não sabemos se foram enterrados vivos ou executados. A maioria dos corpos estão em decomposição”.
Segundo a imprensa no local, os habitantes de Khan Younis tinham ali enterrado, de forma temporária, os familiares que foram mortos nos ataques durante o cerco das Forças de Defesa de Israel ao hospital Nasser, em janeiro.
Quando regressaram, após a retirada israelita, descobriram que os corpos teriam sido exumados, para que as forças israelitas pudessem realizar testes de ADN e verificar se algum dos mortos seria um dos reféns levados pelo Hamas a 7 de outubro do ano passado. Os cadáveres foram depois enterrados nesta vala comum.
Após a retirada israelita de Khan Younis, os residentes regressaram para tentarem localizar os corpos dos familiares ou procurarem desaparecidos. “Venho aqui pelo quinto dia à procurado do corpo do meu filho Jamal. Disseram-nos que havia aqui uma vala comum e todos os dias venho aqui para identificar o corpo mas, infelizmente, não encontrei o meu filho”, disse à AP Raeda Abu al-Ola.
A área em torno do hospital Nasser foi fortemente bombardeada por Israel em janeiro e fevereiro.
Negociações para cessar-fogo sem progressos
O chefe da diplomacia europeia, Josepp Borrell, admitiu entretanto que não há progressos nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
No Luxemburgo, onde esteve segunda-feira para uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE, Borrell revelou que “não há perspetivas de um cessar-fogo e não há um real atenuar da catástrofe humanitária”, acrescentando que também não foram feitos progressos no sentido da libertação dos reféns israelitas em Gaza.
Na semana passada, o Hamas rejeitou uma proposta de cessar-fogo de Israel, frisando que as suas exigências principais – a retirada das forças israelitas de Gaza e o regresso dos residentes deslocados às suas habitações – não estavam a ser observadas na proposta de Telavive.
O governo israelita, por seu lado, realça que a prioridade é a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza pelo Hamas.
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