Neste domingo, o relato do evangelista João transporta-nos de Jerusalém para a Galileia, à beira do lago de Tiberíades, onde tudo havia começado com o chamado dos primeiros discípulos (Jo 21, 1-19). Depois do doloroso e desconcertante colapso daquele sonho que arrastou tanta gente atrás de Jesus e de sua promessa do Reino de Deus, restou aos discípulos voltar para a Galileia ao lugarejo de Betsaída, em busca do seu ganha-pão diário, como pescadores. Pedro, como sempre, toma a frente e diz aos companheiros: “Eu vou pescar”. Os outros respondem: “Vamos com você”. O evangelista detalha: “junto com Pedro, seguiram Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, nossos conhecidos Tiago e João e “outros dois”, cujo nome não sabemos (21, 1-2). São, portanto, sete dos onze apóstolos que sobraram, após a deserção de Judas. A empreitada foi um fracasso. Labutaram a noite toda e nada pescaram. Ao amanhecer, alguém da praia gritou: “– Moços tendes alguma coisa para comer? ‘— Não, responderam’. Jesus lhes disse: ‘– Lançai a rede à direita da barca e achareis’. Lançaram então a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: ‘— É o Senhor!’ Simão Pedro ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa porque estava nu e atirou-se ao mar” (21, 5-7). Em vez de montar um tribunal para tirar a limpo tudo que os discípulos aprontaram em Jerusalém, Jesus os convida a repartir o pão e o peixe e a comerem juntos, sem mexer nas feridas e nas decepções. Durante a última ceia, que ele tanto desejou comer com eles, estavam brigando entre si, para saber quem seria o maior (Lc 22, 24-30), e um deles estava saindo de fininho, para receber as trinta moedas, quantia pela qual havia vendido o mestre (Jo 13, 21-30). Na angústia de saber que seu destino era a morte, pediu Jesus a três dos seus melhores amigos que o acompanhassem até o horto das oliveiras, para orarem juntos. Por três vezes, precisou acordá-los, porque estavam caindo de sono e dormiram! (Lc 22, 39-46; Mc 14, 32-42). Quando chegaram os guardas com Judas, para prender Jesus, “todos fugiram”, segundo o evangelista Marcos (Mc 14, 50). Com Pedro, precisou trocar um olhar de tristeza e pesar, depois de este negar por três vezes ser seu discípulo e até mesmo conhece-lo. Com Pedro, entretanto, ele precisava ter uma conversa sobre o que realmente importava para esse recomeço após a ressurreição. Vai chama-lo não mais de Pedro, mas de Simão, filho de João, o nome pelo qual era chamado antes de se conhecerem: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: ‘Sim Senhor, tu sabes que eu te amo’ Jesus disse: ‘Apascenta os meus cordeiros’ (21, 15). Jesus está falando dos cordeirinhos, das crias pequenas e indefesas que precisam de maior cuidado, das pessoas desamparadas e vulneráveis em nossas comunidades, “do pobre, do órfão, da viúva, do estrangeiro”, daqueles que necessitam de socorro imediato, de especial atenção e carinho da parte de seus pastores e de toda a comunidade. “E disse, de novo, a Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’. Já não pergunta se é mais do que os outros, mas apenas se ele o ama. Pedro disse: Sim, Senhor tu sabes que eu te amo” Jesus lhe disse: ‘Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez perguntou a Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’. Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: ‘Apascenta as minhas ovelhas’ (19, 15-17). Na verdade, Jesus fez três perguntas diferentes às quais Pedro não respondeu e, por isso sua insistência. Ele perguntou a Pedro se o amava, com um tipo mais alto de amor, o amor/ágape, de total entrega e gratuidade e, ainda, se era mais do que todos os outros. “Agape” é o termo que João usa para dizer em sua 1ª. Carta, que Deus é Amor (1ª. Jo 4, 16). Na segunda vez, Jesus insiste se Pedro o ama com este tipo de amor/ágape, mas omite se é mais do que os outros. Pedro responde apenas que quer bem a Jesus, que é seu amigo (fala de “filia”, amizade, bem querer, mas não de “ágape”). Na terceira vez, Jesus abaixa o sarrafo, reduz a altura e pergunta então se de fato Pedro quer bem a ele. Pedro desta vez fica triste e diz que ele sabe tudo e que apesar do muito que errou, reafirma que que quer bem a Jesus. Para nós e nossas comunidades vale o que conta para Jesus: se o amamos de verdade, a ele e às irmãs e irmãos necessitados e se estamos dispostos a servi-los e a lavar os seus pés. O único critério de autoridade reconhecido por Jesus é aquele firmado no amor. E a última palavra de Jesus para Pedro que voltou a ser investido da responsabilidade de apascentar o rebanho de Cristo foi aquela que ouviu do mestre no seu primeiro encontro ali na beira do lago: “Segue-me” (21, 19). Amor e seguimento de Jesus são o fundamento da vida das comunidades e de toda a Igreja.
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